Resenha: Sinéad O’Connor – I’m Not Bossy, I’m The Boss


Muito mais conhecida por suas polêmicas do que por sua música, Sinéad O’Connor é dessas cantoras que deveria ter tido mais sorte na carreira, mas, infelizmente, ficou marcada por gestos e atitudes que não agradaram à maioria das pessoas. Com uma discografia de respeito, ela lança I’m Not Bossy, I’m The Boss, seu décimo disco de estúdio.

A balada confessional "How About I Be Me" abre o disco da maneira como Sinéad O’Connor se notablizou em algumas de suas canções: falar de si e de seus problemas em letras emocionantes com melodias leves. Mantendo o violão, "Dense Water Deeper Down" não é tão profunda quanto a anterior, mas consegue se segurar.

Começar um disco de maneira leve é sempre complicado, ainda mais quando a sequência não corresponde à primeira canção. "Kisses Like Mine" tem o nível da anterior, e isso mostra uma queda no trabalho logo no início – apesar do refrão e melodias grudentos. A óbvia "Your Green Jacket" não ajuda a melhorar a imagem inicial, enquanto "The Vishnu Room", com o belo verso Because Vishnu lives at the core of my heart/ Vishnu is and Vishnu starts/ Oh Vishnu, I sing to you/ Just to say, oh Lord, thank you, mostra como O’Connor mudou nos últimos anos. E se ele encontrou a paz interior na religião, quem somos nós para criticar? A faixa é muito bonita.

Na linha pop rock, "The Voice of My Doctor" parece uma sessão de análise narrada por alguém desesperado para se encontrar. Conhecida do público por conta da parceria que fez com Moby há 12 anos, "Harbour" ganhou uma nova e mais potente versão no novo disco da cantora. Tão potente, que surpreende pela qualidade vocal de uma mulher de 47 anos que passou por sérios problemas pessoais.

Não dá para saber se foi intencional, mas a dançante "James Brown" empolga, principalmente pela boa participação de Seun Kuti no trompete. Diminuindo o ritmo mais uma vez, O’Connor traz outra boa canção pop e bem leve em "8 Good Reasons", entretanto o auge do disco está em "Take Me to Church". Com cara de single, e de redenção por parte da cantora, não foi de graça a escolha dela como primeiro single. Tem potencial para fazer sucesso nos shows, além de ser usada para relembrar o passado de Sinéad.

O alto nível segue em "Where Have You Been?", que parece questionar a presença de alguém em um momento complicado da vida de quem canta – quem é? Talvez nunca saberemos. O disco acaba melancólico e triste em "Streetcars" com sua letra profunda e cheia de sentimentos dúbios em relação à vida.

Biográfica, direta e quase sem rodeios, essa é Sinéad O’Connor. Mais uma vez, ela conseguiu condensar um bom disco pop com letras que falam muito dela e de suas experiências nos últimos anos. O resultado é um bom trabalho, apesar de pecar um pouco em algumas canções. No geral, é um trabalho pop um pouco acima da média.

Tracklist:

1 - "How About I Be Me"
2 - "Dense Water Deeper Down"
3 - "Kisses Like Mine"
4 - "Your Green Jacket"
5 - "The Vishnu Room"
6 - "The Voice of My Doctor"
7 - "Harbour"
8 - "James Brown" (with Seun Kuti)
9 - "8 Good Reasons"
10 - "Take Me to Church"
11 - "Where Have You Been?"
12 - "Streetcars"

Nota: 3/5



Veja também:
Resenha: Antemasque – Antemasque
4 em 1: Twin Peaks, Hot Action Cop, David Grissom e Have a Nice Life
Resenha: Sérgio Mendes – Magic
Resenha: The Raveonettes – Pe’ahi
Resenha: Johnny Cash – Out Among The Stars
4 em 1: Jason Mraz, Ted Nugent, Broilers e Afterhours




Siga o blog no Twitter, Facebook, Instagram e no G+

Comentários