Resenha: Iggy Pop and The Stooges - Ready To Die


Os Stooges, ao lado o MC5 e do Velvet Underground, foram os precursores do que punk acabaria no chamado movimento punk. Confessadamente, Joey Ramone afirmou que ele e Johnny se reuniam para ouvir os discos destas bandas, e isso foi uma grande influência para a formação dos Ramones e outras bandas do gênero muito popular em meados dos anos 1970.

A passagem da banda que tinha Iggy Pop como frontman foi meteórica, terminada muito por conta do vício de Pop em heroína, mas acabou disseminando na carreira solo do vocalista no pós-rompimento do grupo. Com ajuda do amigo David Bowie, Iggy passou pela reabilitação e construiu uma carreira de sucesso após o encerramento do Stooges.

Quase 40 anos depois, Iggy Pop resolveu tentar uma reunião com os membros ainda vivos da banda. Para surpresa de muitos, apenas James Williamson, o guitarrista original, não aceitou. Desde 2003, o vocalista vem alternando sua carreira com sua antiga banda e a carreira solo, em que vem optando por fugir um pouco do estilo que o consagrou.

Williamson retornou aos Stooges em 2009 e, pela primeira vez em quatro décadas, entrou em estúdio para gravar Ready To Die, quinto trabalho de estúdio com Pop, baterista Scott Asheton, o saxofonista Steve Mackay e o baixista Mike Watt, único membro que não é da formação original ou que não havia participado de qualquer álbum até o retorno em 2003.

E o novo álbum começa com uma pedrada chamada “Burn”. Com guitarra pesada, a canção é uma bela abertura e mostra que a banda, apesar da idade avançada, ainda deseja incendiar um pouco as coisas em pleno século 21. Igualmente rápida e rasteira, “Sexy and Money” tem o acréscimo do saxofone, dando um tom bem dançante.

“Job” tem uma bateria bem marcada, enquanto a voz de Iggy grita I got a job, I got a job, I got a job/ But it don’t pay shit/ I got a job, I got a job, I got a job/ And I’m sick of it. Aqui temos uma marca da banda: a repeitção do refrão, facilmente decorável, várias vezes. Na segunda vez já está cantando junto e pensando naquele chefe maldito que você teve ou tem.

O início da guitarra em “Gun” é muito bom e a letra contém uma ironia muito fina com relação a atual situação dos Estados Unidos perante o mundo. Até aqui, a rapidez das faixas é bem interessante, matando a saudade de um punk que não volta mais. Emulando um pouco da carreira solo de Pop, a balada confessional acústica “Unfriendly World” acalma um pouco as coisas com a melodia suave.

A faixa-título do trabalho não convence nenhum pouco, apesar do alto volume da guitarra, enquanto “Dd’s” tem cara que funciona absurdamente bem ao vivo. O ritmo cai um pouco, apesar de “Dirty Deal” chamar o ouvinte para se mexer um pouco durante a audição. Segunda balada, “Beat That Guy” é bem mediana em comparação com as outras, apesar de um solo incrível de guitarra na parte final. Finalizando, “The Departed” encerra o disco de maneira melancólica e, em certo ponto, infeliz.

No geral, Ready to Die não é brilhante, mas dá a impressão de que a reunião de Iggy Pop e os Stooges é uma coisa para ser divertida e não uma tentativa de soar genial ou qualquer coisa do tipo, mesmo falando de temas bem atuais e com baladas melancólicas. E isso é muito importante para mostrar que a idade avançada realmente está batendo na porta. Mesmo assim, é um trabalho sem pressão de vender milhões, o que torna tudo mais divertido.

Tracklist:

1 – “Burn”
2 – “Sex and Money”
3 – “Job”
4 – “Gun”
5 – “Unfriendly World”
6 – “Ready to Die”
7 – “DD's”
8 – “Dirty Deal”
9 – “Beat That Guy”
10 – “The Departed”
11 – “Dying Breed”

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