Resenha: The New Basement Tapes – Lost on the River


O New Basement Tapes reuniu Elvis Costello, Rhiannon Giddens, Taylor Goldsmith, Jim James e Marcus Mumford para mais um projeto de supergrupo. Só que essa incrível banda não toca músicas próprias, mas as feitas por Bob Dylan no fim dos nos anos 1960 para o New Basement Tapes, gravações que contaram com a The Band como banda de apoio.

Regravar Dylan não é para qualquer um. Primeiro, ele tem um estilo único e praticamente impossível de copiar. Segundo, o que fazer com as faixas? Releituras? Apenas regravá-las? Dar uma cara nova? É uma missão que exige um cuidado especial, por isso o experiente produtor T Bone Burnett ficou responsável para auxiliar os músicos nas gravações. "Down On The Bottom" abre os trabalhos com solos de guitarra e bastante peso nos instrumentos, algo até surpreendente para Jim James cantar.

A voz rouca de Elvis Costello é perfeitamente reconhecível em "Married To My Hack", faixa em que a gama de instrumentos é muito interessante. E se as duas primeiras são atraentes e pesadas dentro da medida certa, Marcus Mumford e Taylor Goldsmith dão uma cara mais folk a "Kansas City", enquanto a bela voz de Rhiannon Giddens consegue criar todo um clima em "Spanish Mary", uma das melhores canções do álbum.

Goldsmith tem seu momento solo na belíssima "Liberty Street". Por ser toda no piano e contar com vocais de apoio femininos, ganhou um ar de standard moderno. Ficou muito boa, assim como "Nothing To It" – o arranjo é o grande destaque. Mumford não saiu da zona de conforto nesse trabalho, e isso fica bem claro em "When I Get My Hands On You". É muito semelhante ao que ele faz no Mumford and Sons, só que com uma letra melhor.

O folk é filho das antigas cantigas irlandesas do século 17 e 18, exatamente o estilo de música preferido de Giddens. Não havia ninguém melhor para cantar e desenhar a melodia de "Duncan and Jimmy" do que ela. Costello retorna com a ótime interpretação de "Lost On The River #12", mostrando que merece ser revisto pelas novas gerações, enquanto Goldsmith foi seguro com seu folk simples em "Florida Key".

Outra que ganhou ar clássico, "Hidee Hidee Ho #11” tem um inspirado Jim James dominando as ações e deixando o piano discretamente como um belo companheiro de melodia ao fundo. Por incrível que pareça, "Stranger", cantada por Mumford, ganhou uma pegada pop e pode servir como porta de entrada para quem não conhece esse álbum por ser uma faixa bem leve, exatamente o mesmo estilo usado em "Card Shark".

Dentre todos que participam do projeto, quem mais se destaca é Elvis Costello pelo simples fato de estar em grande fase nesse momento da carreira. Ele cantando "Six Months In Kansas City (Liberty Street)" é de chorar de emoção. Esse deveria ser o final, mas "Lost On The River #20" cumpriu bem seu papel.

É um excelente disco de mais um supergrupo na música. O que mais espero deles é que esse trabalho continue por mais tempo, quem sabe revistando novos artistas com outro nome? O New Basement Tapes não pode morrer nesse álbum.

Tracklist:

1 - "Down On The Bottom"
2 - "Married To My Hack"
3 - "Kansas City"
4 - "Spanish Mary"
5 - "Liberty Street"
6 - "Nothing To It"
7 - "When I Get My Hands On You"
8 - "Duncan and Jimmy"
9 - "Lost On The River #12"
10 - "Florida Key"
11 - "Hidee Hidee Ho #11”
12 - "Stranger"
13 - "Card Shark"
14 - "Six Months In Kansas City (Liberty Street)"
15 - "Lost On The River #20"

Nota: 4,5/5



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