Resenha: Stevie Nicks – 24 Karat Gold: Songs From The Vault


Antes de chegar ao Fleetwood Mac, Stevie Nicks formava dupla com o guitarrista Lindsey Buckingham. Convidados a fazer parte da banda, os dois impulsionaram um segundo auge do Fleetwood Mac nos anos 1970. Claro, o período fértil de gravações rendeu algumas canções descartadas por ela e pelo grupo.

Mais de quatro décadas depois, com uma carreira consolidada e oito sete álbuns de estúdio, Nicks resolve pegar algumas dessas faixas esquecidas para compor seu novo disco solo, 24 Karat Gold: Songs From The Vault. Não há problema algum nisso, desde que tudo fique redondo o suficiente para não causar a sensação de reciclagem.

Uma vantagem ela tem: a voz. Sim, a voz de Stevie Nicks continua impecavelmente boa, e até melhorou com o passar dos anos. Começando com a simples "Starshine". Simples por não ter nada além de uma melodia dançante e uma letra boa, mas ela compensa colocando potencia no momento certo. Que mulher, diria o poeta.

A balada "The Dealer" mostra uma banda segura e sabendo exatamente o que está fazendo, deixando Nicks fazer seu trabalho sossegada. O mesmo acontece em "Mabel Normand", faixa à la Lou Reed pelo estilo mais falado do que cantado. Com participação da ótima Lady Antebellum, "Blue Water", de Sharon Celani, ganhou uma versão acústica com ar de country dos anos 1950 e 1960. Ficou lindo. Pelo conteúdo do álbum, era difícil aparecer uma surpresa, mas ela veio em "Cathouse Blues", um blues muito ajeitado e competente. Não poderia faltar uma canção pop de refrão grudento e dançante, e esse papel acabou sendo cumprido por "24 Karat Gold".

A primeira passável é "Hard Advice", que não acrescenta em nada, enquanto a excelente "Lady", toda no piano, é belíssima. Como ela só ganhou vida agora é dessas coisas inexplicáveis – quer dizer, só Stevie Nicks pode explicar. A boa e agitada "I Don't Care" peca por ser muito longa. Seus mais de seis minutos são inexplicáveis. Ficaria redonda com um minuto a menos.

"All the Beautiful Worlds", "Belle Fleur" e "If You Were My Love" mostram como uma cantora precisa ser versátil. A primeira é uma balada mais pop, a segunda um rock simples e cheio de solos, já a terceira é outra balada, só que mais lenta. As três têm letras bonitas, porém pecam no mesmo aspecto: tempo de duração. São longas e parecem não terminar nunca. "Carousel" é um folk interessante e, por incrível que pareça, é curto. E até por isso funciona muito bem, assim como a excelente "She Loves Him Still", que soa como uma letra muito confessional. Um belo final, diga-se.

Caso fosse dez minutos mais curto, seria um dos discos do ano. Ainda é um trabalho acima da média, principalmente nas composições. Uma pena que o exagero em preencher espaço acabou prejudicando o andamento. Mas vale, e muito, dar uma ouvida para quem ainda não teve a chance. Stevie Nicks continua fenomenal.

Tracklist:

1 - "Starshine"
2 - "The Dealer"
3 - "Mabel Normand"
4 - "Blue Water" (featuring Lady Antebellum) (Sharon Celani)
5 - "Cathouse Blues"
6 - "24 Karat Gold"
7 - "Hard Advice"
8 - "Lady"
9 - "I Don't Care"
10 - "All the Beautiful Worlds"
11 - "Belle Fleur"
12 - "If You Were My Love"
13 - "Carousel" (Vanessa Carlton)
14 - "She Loves Him Still"

Nota: 4/5



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