Resenha: Karen O – Crush Songs


Já se fala do Yeah Yeah Yeahs (YYYs) há quase 15 anos, pelo menos. Centrada na figura da vocalista Karen O, a banda conseguiu superar a barreira do indie e invadiu o mainstream nos últimos anos com seus discos muito bons. Aliás, a cantora é tão bem vista, que até concorreu ao Oscar de Melhor Canção neste ano com “Moon Song”, do filme Her. Nada mais justo que ela aproveite esse momento de alta para lançar seu primeiro álbum solo.

De cara, podemos perceber que a estreia solo de Karen O não é nada convencional. Primeiro, pelo tempo do álbum (25 minutos); segundo, pelo estilo da faixa de abertura, chamada "Ooo". Mesmo sendo lançado pela gravadora de Julian Casablancas, parece que Crush Songs foi gravado na loja de Jack White, como fez Neil Young no início deste ano. Enfim, a abertura do disco diz muito do que encontraremos pela frente.

A curta duração das canções dá a impressão de serem poemas musicados, como é o caso de "Rapt". Assim como o início, ela tem apenas o violão e voz, e ficou linda assim, já "Visits" ganhou mais elementos do que as anteriores para soar curiosa, no mínimo. Com quase três minutos, "Beast" é a maior de todo álbum e a mais trabalhada – em resumo: é a única que não parece uma canção demo.

Melancolia, "Comes The Night" é a típica de desabafo, mas, quando engrena, termina e logo começa os primeiro acordes de "NYC Baby". A sexta faixa soa como uma declaração ou algo do tipo, e é outra que não dura nem um minuto. "Other Side" parece o final de uma canção, o que dá a entender que as três eram única e foram repartidas.

A voz de Karen O sempre combinou com letras tristes e parece que "So Far" foi feita sobmedida para ela. Com maior apelo pop entre todas, "Day Go By" poderia soar ainda melhor se não fosse o estilo do trabalho – bem trabalhada, ela poderia ser um ótimo single no YYYs. Se a intenção era emendar duas canções boas, ela conseguiu. "Body" é outra com potencial absurdo para virar single.

Depois de tudo isso, o trabalho volta ao ritmo lento em "King", uma balada com traços gospel de, por incrível que pareça, bom gosto. "Indian Summer" e "Sunset Sun" parecem, assim como outras, uma única canção dividida em duas. De longe, muito longe mesmo, "Native Korean Rock" é a mais estranha e esquisita do álbum. Karen O berra por alguns instantes, depois vem um silêncio sepulcral por mais de um minuto. De longe, muito longe mesmo, é a pior de todas. A 15ª, "Singalong", encerra da mesma maneira que começou.

A estreia solo da vocalista do Yeah Yeah Yeahs parece uma grande demo que foi lançada como se estivesse pronta com um quê de alternativo. Particularmente, esse tipo de trabalho é interessante para imaginar como seriam as canções se estivessem prontas. Se você não gosta desse tipo de trabalho mais alternativo, gravação fora do convencional e músicas de curta duração, não recomendo. Mas, em linhas gerais, é um bom disco e merece alguma atenção.

Tracklist:

1 - "Ooo"
2 - "Rapt"
3 - "Visits"
4 - "Beast"
5 - "Comes The Night"
6 - "NYC Baby"
7 - "Other Side"
8 - "So Far"
9 - "Day Go By"
10 - "Body"
11 - "King"
12 - "Indian Summer"
13 - "Sunset Sun"
14 - "Native Korean Rock"
15 - "Singalong"

Nota: 3,5/5



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