Crítica: The National - Laugh Track

A pausa em todas as atividades na música mundial gerou reflexões por parte de vários artistas nos meses seguintes. Agora, quase quatro anos depois do início do pesadelo, muita gente está lançando o material escrito no período. No caso do The National, o vocalista e compositor Matt Berninger estava enfrentando um terrível bloqueio de escrita, que o impediu de fazer qualquer coisa relacionada à composição.

Com calma, ele e os irmãos Bryce e Aaron Dessner Bryan e Scott Devendorf conseguiram escrever tanto material ao ponto de ter o suficiente para dois álbuns. Até aí, isso não é nada fora do normal e, no final de abril, eles lançaram "First Two Pages of Frankenstein". E, de surpresa, ontem (18), colocaram em todas as plataformas digitais "Laugh Track", o décimo álbum de estúdio.

Veja também:
Crítica: Chemical Brothers - For That Beautiful Feeling
Crítica: Olivia Rodrigo - Guts
Crítica: Courtney Barnett - End Of The Day
Duas críticas: Jeff Rosenstock e Alice Cooper
Crítica: Slowdive - Everything Is Alive
Crítica: Jaimie Branch - Fly or Die Fly or Die Fly or Die ((world war))

Estou no Twitter e no Instagram. Ouça o podcast, compre livros na Amazon e fortaleça o trabalho do blog!

A melancolia domina completamente o novo álbum do grupo, que usa dos mesmos recursos criativos do irmão-gêmeo para atrair o ouvinte para reflexões que ainda não conseguiu colocar para fora tantos anos depois de uma das grandes tragédias do século XXI. A experiência faz cada vez mais diferença no estilo de composição, no vocal e nos arranjos. Não há desperdício, mas um claro encaixe das melhores ideias.

A banda consegue mostrar em quase 60 minutos de trabalho habilidade musical para canções complexas, como a abertura, e em músicas de teor pop radiofônico, como se ainda estivessem no início dos anos 2000 e na casa dos 20 e poucos anos, caso de "Deep End (Paul's in Pieces)", logo na sequência. Os convidados abrilhantam ainda mais "Laugh Track", com destaque para participação enorme de Rosanne Cash em "Crumble" — Justin Vernon e Phoebe Bridges, a pessoa que mais trabalha na música atual, também fazem bonito.

O épico de sete minutos "Smoke Detector" encerra o trabalho com uma introdução instrumental de pouco mais de 20 segundos para jogar o ouvinte direto no refrão. Depois, a faixa segue mais cantada do que falada, com o vocal ligeiramente mais rápido do que o resto, como se Berninger precisasse chegar primeiro em algum lugar na melodia para conseguir passar a mensagem de maneira adequada, ainda que em uma velocidade incomum para a delicadeza do resto.

"Laugh Track" consegue superar o antecessor ao abordar as emoções de jeitos simples e complexos ao mesmo tempo. De um tom mais pop ao experimentar com o sintetizador, eles estão um passo, talvez dois, na frente dos contemporâneos em conseguir arriscar musicalmente sem perder a identidade dos primeiros trabalhos. Talvez essa seja a grande vitória deles.

Tracklist:

1 - "Alphabet City"
2 - "Deep End (Paul's in Pieces)"
3 - "Weird Goodbyes" (feat: Justin Vernon)
4 - "Turn Off the House"
5 - "Dreaming"
6 - "Laugh Track" (feat. Phoebe Bridges)
7 - "Space Invader"
8 - "Hornets"
9 - "Coat on a Hook"
10 - "Tour Manager"
11 - "Crumble" (feat. Rosanne Cash)
12 - "Smoke Detector"

Avaliação: ótimo

Comentários