Crítica: Olivia Rodrigo - Guts

Olivia Rodrigo, com a música "Drivers License", virou um dos grandes fenômenos do pop dos últimos anos e conseguiu confirmar as expectativas em "Sour", álbum de estreia lançado em 2021. Com o passar dos meses seguintes, entrou em turnê e atraiu um público enorme, ansioso pelo próximo trabalho. Dois anos depois, uma eternidade na era dos vídeos curtos e dos assuntos superados em horas, ela retorna com "Guts".

O peso de ser uma cantora pop e celebridade ao mesmo tempo não deve ser muito fácil, mas, diferentemente de outros astros, ela já nasceu em um mundo de exposição e com a internet tão comum quanto era o rádio para os nossos pais ou a TV para nossos irmãos. Então, quando a faixa de abertura, chamada "All-American Bitch", é uma espécie de autoexaltação, faz todo sentido.

Veja também:
Crítica: Courtney Barnett - End Of The Day
Duas críticas: Jeff Rosenstock e Alice Cooper
Crítica: Slowdive - Everything Is Alive
Crítica: Jaimie Branch - Fly or Die Fly or Die Fly or Die ((world war))
Crítica: Sigur Rós - Átta
Duas críticas: Osees e Guided By Voices

Estou no Twitter e no Instagram. Ouça o podcast, compre livros na Amazon e fortaleça o trabalho do blog!

Aos 20 anos, Rodrigo usa o pop-rock como base para a maioria das canções, como uma história sobre uma mentira para encontrar o ex-namorado ("Bad Idea Right?") ou na raivosa "Ballad of a Homeschooled Girl", mas ela se destaca mesmo na sequência de baladas formada por "Vampire" — composta no piano, apresenta um momento de pura inspiração dos envolvidos em fazer uma grande faixa pop que no sobe e desce dos sentimentos cantados o grande trunfo — e "Lacy", quando fala sobre a inevitável comparação com outras mulheres e como isso a afeta profundamente.

O desabafo sobre ser jogada no furacão da fama vem na balada melancólica "Making the Bed", quando reflete sob a perspectiva de alguém que passou a receber atenção de pessoas desconhecidas que, por ouvir as músicas, acham que a conhecem pela conexão pessoal das letras. Além isso, ela aborda a dificuldade em separar a artista da vida pessoal, com o choque entre esses mundos sendo impossível de não acontecer.

O pop simples retorna em "Logical", outra faixa com enorme potencial pela simplicidade do arranjo e efetividade da letra, e na grudenta "Get Him Back!", escrita após uma crise nervosa no estúdio quando nenhuma ideia soava boa o suficiente, e na agitada e bonitinha "Love Is Embarrassing".

A comovente "The Grudge" traz o mesmo estilo que a consagrou no primeiro álbum, uma balada crescente com arranjos delicados e vocal suave. Mais presentes e mais segura que há dois anos, ela transforma a canção em um dos grandes momentos do disco. O efeito das redes sociais é contada no desabafo "Pretty Isn't Pretty", com o álbum encerrando com a dúvida adolescente "Teenage Dream" ("They all say that it gets better/ It gets better the more you grow/ Yeah, they all say that it gets better/ It gets better, but what if I don't?").

Olivia Rodrigo despontou com tudo no primeiro single, lançou um álbum de estreia muito bom e conseguiu manter o ritmo no segundo disco da carreira, o sempre aguardado batismo de fogo para qualquer artista. O caminho para a cantora está traçado e, caso consiga manter ritmo e qualidade, tem potencial para ser em dez anos o que Taylor Swift é hoje.

Tracklist:

1 - "All-American Bitch"
2 - "Bad Idea Right?"
3 - "Vampire"
4 - "Lacy"
5 - "Ballad of a Homeschooled Girl"
6 - "Making the Bed"
7 - "Logical"
8 - "Get Him Back!"
9 - "Love Is Embarrassing"
10 - "The Grudge"
11 - "Pretty Isn't Pretty"
12 - "Teenage Dream"

Avaliação: muito bom

Comentários