Crítica: Blur - The Ballad of Darren

O Blur surgiu na esteira de uma cena efervescente na Inglaterra, que englobou jovens de diversos espectros sociais que culminou no Brtipop, a resposta da ilha ao grunge americano. Mais de três décadas após o lançamento do primeiro álbum, muita coisa mudou no mundo e na própria banda, entre idas e vindas, enquanto os integrantes dedicam-se a outros projetos - o vocalista Damon Albarn que o diga.

Oito anos após "The Magic Whip", eles se juntaram novamente para a gravação de mais um trabalho de inéditas. "The Ballad of Darren", o nono disco de estúdio, chega com o quarteto beirando os 60 anos e usando esse aspecto como motor das dez músicas. Como o próprio nome diz, "The Ballad" é uma bonita balada romântica que aposta na suavidade dos instrumentos, do arranjo de cordas e do vocal de Albarn.

Veja também:
Resenha: Palehound - Eye on the Bat
Resenha: Snõõper - Super Sn​õ​õ​per
Resenha: Él Mató a un Policía Motorizado - Súper Terror
Resenha: PJ Harvey - I Inside the Old Year Dying
Duas resenhas: Rival Sons e Albert Hammond Jr.
Resenha: Joanna Sternberg - I've Got Me

Estou no Twitter e no Instagram. Ouça o podcast, compre livros na Amazon e fortaleça o trabalho do blog!

"St. Charles Square" traz a guitarra de Graham Coxon dominando as ações em uma canção agitada com coral de teor gospel, seguida pela deliciosa "Barbaric" ("I have lost the feeling that I thought I'd never lose/ Now where am I going?/ At what cost, the feeling that I thought I'd never lose/ It is barbaric"). Com isso, "Russian Strings" acaba não se destacando tanto e pode passar batida em alguns casos.

A poética "The Everglades (For Leonard)" apresenta Albarn acompanhado apenas do violão, em uma faixa calma e contemplativa, mas é em "The Narcissist" que a banda mostra a maior coesão em uma canção de apelo pop das melhores da discografia, pronta para gerar aquele momento de união nos shows. E também há espaço para a melancolia, com forte presença em "Goodbye Albert" e "Far Away Island".

O tom épico da bonita "Avalon" coloca o ouvinte nos momentos finais do álbum, que termina com a reflexiva "The Heights" ("Seeing through the coma in our lives/ Something so bright out there, you can't even see it/ Are we running out of time?/ Something so momentary that you can't even feel it"), com destaque para, mais uma vez, o arranjo de cordas.

Reflexivo, delicado e cheio de baladas, "The Ballad of Darren" mostra que a idade chega para todo mundo e aquele Blur de "Song 2" não existe mais. Agora veteranos da indústria, com pencas de projetos e carreiras consolidadas, a banda virou algo para ser divertido, uma reunião dos velhos companheiros de guerra. E eles entregam, mais uma vez, um álbum acima das expectativas, uma combinação exata de quem são atualmente.

Tracklist:

1 - "The Ballad"
2 - "St. Charles Square"
3 - "Barbaric"
4 - "Russian Strings"
5 - "The Everglades (For Leonard)"
6 - "The Narcissist"
7 - "Goodbye Albert"
8 - "Far Away Island"
9 - "Avalon"
10 - "The Heights"

Avaliação: muito bom

Comentários