PJ Harvey é uma dessas artistas muito misteriosas que, em pleno tempo das redes sociais, segue mais recusa do que nunca e só se abre quando está trabalhando em alguma coisa, seja em um disco, um livro ou em um documentário. E ela também é uma dessas artistas que precisa de tempo para criar, então sete anos após o lançamento de "The Hope Six Demolition Project" não são nada para ela, mas uma eternidade para os fãs.
Chamado "I Inside the Old Year Dying", o novo disco de estúdio traz uma cantora que entrando ainda mais fundo no estilo do trabalho anterior, quando explorou sonoridades pelo mundo e fez dos ensaios para o disco uma instalação de arte em Londres. Logo na abertura, ela traz um tom religioso e melancólico em "Prayer at the Gate", seguido por um tom mais agoniado de "Autumn Term".
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A balada "Lwonesome Tonight" apresenta um tom dramático em uma letra poética e recheada de referências, "Seem an I" traz o lado mais abstrato da obra de Harvey em uma faixa quase indecifrável e "The Nether-edge" e "I Inside the Old Year Dying" brincam com a poesia e o lado mais experimental, cada vez mais presente nos trabalhos mais recentes.
Os horrores da guerra são retratados em "All Souls", quando a solidão vira algo de praxe na vida de todo mundo, mas o grande momento do álbum é na ótima "A Child's Question, August", quando Harvey mistura Elvis Presley e o canto dos pássaros para falar sobre vida e morte de uma maneira única e tocante, de enorme potencial para ser um dos grandes momentos dos shows, assim como a melancólica "I Inside the Old I Dying".
Mantendo o embalo, "August" não precisa de refrão para manter o ouvinte atento nessa improvisação sonora. E se "A Child's Question, July" coloca de volta na mesa o lado lúdico e experimental, "A Noiseless Noise" encerra em uma nota alta de barulho e melancolia ("Just a noiseless noise/ Just a gawly girl/ Just a bogus boy/ Trape the fields of feasen/ To a chammer of not sleeping/ Go home now, love/ Go home now, love/ Leave your wandering").
PJ Harvey faz de "I Inside the Old Year Dying" uma espécie de continuação do trabalho anterior ao mergulhar fundo nas referências, poesia e experimentos diversos. Com uma primeira metade boa, o disco melhora muito na segunda, quando engrena e apresenta as melhores faixas. Não é genial como muitos dos anteriores, mas ela não perdeu a mão e segue fazendo boas músicas, sempre uma ótima notícia.
Tracklist:
1 - "Prayer at the Gate"
2 - "Autumn Term"
3 - "Lwonesome Tonight"
4 - "Seem an I"
5 - "The Nether-edge"
6 - "I Inside the Old Year Dying"
7 - "All Souls"
8 - "A Child's Question, August"
9 - "I Inside the Old I Dying"
10 - "August"
11 - "A Child's Question, July"
12 - "A Noiseless Noise"
Avaliação: muito bom
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