Resenha: Iggy Pop - Every Loser

Perto de completar 76 anos, Iggy Pop não tem mais nada a provar a ninguém no mundo da música. Com uma rica história com os Stooges, uma carreira solo bem-sucedida e apresentador de um programa na BBC Radio 6, o cantor poderia perfeitamente curtir a aposentadoria na Florida, onde mora há quase 25 anos. Mas ele não fez isso.

Anunciado em outubro de 2022, "Every Loser" traz colaborações de primeiro nível: Dave Navarro, Eric Avery e Chris Chaney, do Jane's Addction, Stone Gossard, guitarrista do Pearl Jam, e os bateristas Travis Barker e Taylor Hawkins - em um dos últimos trabalhos em vida. Já a banda de estúdio não fica muito atrás e conta com o baixista Duff McKagan, do Guns N' Roses, o baterista Chad Smith, do Red Hot Chili Peppers, e o atual guitarrista e tecladista da banda solo de Eddie Vedder, Josh Klinghoffer.

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Com esse elenco estrelado, Pop tinha tudo para colocar o pé no acelerador. E assim ele faz. Em pouco mais de 35 minutos, ele faz a festa para novos e velhos fãs ao mostrar estar mais em forma do que nunca. Ao começar o trabalho com "Frenzy", ele já mostra todo potencial do álbum em uma canção bem agitada e com um ótimo riff.

Levada pelo produtor Andrew Watt, "Strung Out Johnny" traz um cantor mais confessional para falar sobre sentimentos universais em uma faixa mais lenta em que o coro e o teclado dominam as ações. Para homenagear Miami e o cantor e compositor Donovan, a etérea "New Atlantis" surge para colocar o álbum a veia mais poética de Iggy Pop.

Da irritação pelo ritmo alucinante de gravação imposto por Watt, 45 anos mais novo, nasceu a letra da agitada "Modern Day Ripoff" em que um senhor idoso usa de ironia para reclamar sobre a própria vida, já em "Morning Show" ele usa como base o country antigo para cantar uma balada à Rolling Stones para falar das cobranças do público e da crítica para ser o cantor do passado.

O interlúdio "The News for Andy" é literalmente Pop lendo um panfleto qualquer no estúdio, mas a ideia da canção nasceu durante as gravações de... "Fun House", segundo disco de estúdio dos Stooges. A sugestão veio de Andy Warhol, durante as gravações do filme "Heat", quando ele deu uma passadinha no estúdio. Mais de 50 anos depois, a ideia ganhou corpo e serve de homenagem ao artista. E bem mais agitada é "Neo Punk", com Barker na bateria, uma cutucada ao fato de muita gente ganhar dinheiro com a moda punk.

Outra nascida da leva "momento de irritação", "All the Way Down" é mais melódica com um pré-refrão que ajuda a dar o tom necessário até a explosão total. E se "Comments" é uma crônica dos dias atuais nas redes sociais, o segundo interlúdio, chamado "My Animus", é uma pequena mostra do orgulho de Iggy Pop em ter a idade que tem, as rugas e tudo mais que acompanha o envelhecimento. Ele encerra com "The Regency", uma crítica aos lucros excessivos dos grandes eventos.

O novo ano começou muito bem na música com o lançamento de "Every Loser". Potente e cheio de energia, Iggy Pop traz o punk, o pós-punk, o pop, melodias, bons arranjos e parceiros incríveis para um trabalho cheio de ótimas músicas. É desses impossíveis de ouvir uma vez só.

Tracklist:

1 - "Frenzy"
2 - "Strung Out Johnny"
3 - "New Atlantis"
4 - "Modern Day Ripoff"
5 - "Morning Show"
6 - "The News for Andy" (interlude)
7 - "Neo Punk"
8 - "All the Way Down"
9 - "Comments"
10 - "My Animus" (interlude)
11 - "The Regency"

Avaliação: ótimo

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