Filhotes do Desert Trip aproveitam onda de saudosismo


Festivais nos Estados Unidos e no Brasil evidenciam um mercado lucrativo

A ideia da empresa dona do Coachella em fazer um festival apenas com pesos-pesados do rock deu muito certo. Ao juntar Bob Dylan, Rolling Stones, Neil Young, Paul McCartney, The Who e Roger Waters em um único e evento, cobrar preços exorbitantes e ver tudo esgotado em minutos, os organizadores mostraram ao mundo que existe um interesse genuíno em eventos desse tipo. A experiência do ano passado já rendeu alguns filhotes por aí.

O primeiro deles é um festival que ganhou um nome bem simples, mas cheio de significado: The Classic. Nada de viajar até o deserto para ver um show. Dividido entre Los Angeles e Nova York, tudo é feito em lugares acessíveis e pronto para lotar. No primeiro, as atrações são Eagles, Steely Dan e Dobbie Brothers. No segundo, Fleetwood Mac, Journey e Earth, Wind & Fire formam o trio da vez. É um belo pacote para quem deseja ver rock clássico de boa qualidade – o preço varia entre US$ 250 e US$ 900.

Não demorou muito para uma iniciativa parecida pintar no Brasil.

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Aproveitando a presença de algumas bandas que farão show no Rock in Rio, a Mercury Concerts anunciou o São Paulo Trip. The Who, Guns N' Roses, Aerosmith e Bon Jovi tocam na cidade entre os dias 21 e 26 de setembro. A notícia gerou burburinho nas redes sociais mesmo sem a informação do preço dos ingressos, principalmente pelo fato de quase todos os dias dessas bandas estarem esgotados no Rock in Rio – a exceção é feita ao dia do Aerosmith.

Ao ver o mercado olhando para esse tipo de evento, é inevitável não pensar em três coisas: a primeira delas é que há uma demanda de um tipo específico de público para esse tipo de evento. Porque muita gente não quer encarar um Rock in Rio para ver o The Who, por exemplo. Um show deles em São Paulo caiu dos céus. Ainda mais com o fato de que, praticamente, só terá fãs da banda na apresentação. É bem mais tranquilo para encarar.

Segundo, há o fato de muitas dessas bandas estarem caminhando para o fim da carreira. E, olhando hoje, não há nenhuma banda de mesmo nível. Esse espaço acabará sendo ocupado pelas bandas que apareceram nos anos 1990, mas, dificilmente, aparecerá algum outro The Who no mundo no médio prazo. Então, os empresários e organizadores querem sugar o quanto podem porque não há muitas boas opções no mercado para substituí-los e ganhar dinheiro em pouco tempo.

A última é a necessidade desses novos tempos, principalmente da minha geração, em revistar o passado e, de acordo com memórias pessoais, tê-lo de volta em todos os aspectos. Isso é muito perceptível na música, quando uma banda vem para tocar o mesmo setlist de dez anos atrás e todos adoram. E agora, essa união da vontade do público mais a esperteza dos empresários, parece que isso só tende a aumentar no médio prazo.

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