Música virou algo descartável também nos festivais


Grosso do público prefere ter uma "experiência" com outras coisas

No último dia 14 de março, aconteceu uma coletiva da organização do Rock in Rio para anunciar algumas coisas com relação ao evento deste ano. Além da confirmação de mais alguns artistas que estarão no palco secundário e das novas instalações, agora no que foi o Parque Olímpico, também foi anunciada as presenças ilustres da roda gigante e da montanha-russa.

Não que isso me surpreenda, mas é muito triste constatar como os festivais de música se consolidaram como um tipo de evento em que a música está em segundo plano. Muita gente prefere chegar cedo para ficar andando nos brinquedos, tirando selfies e "tendo uma experiência" do que tentar vivenciar um pouco o ótimo clima de um festival. É essa mudança no perfil de quem vai que gera esse tipo de coisa, em que brinquedos e distrações acabam sendo mais importantes de quem está no palco.

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É insuperável a atmosfera de um show ou de um festival, porque é muito bom ir em uma apresentação ver ao vivo aquilo que você passou meses ou anos ouvindo quase que diariamente. O problema é que muita coisa mudou de uns anos para cá. O grosso do público de festival agora é cliente e exige mais para sair de casa. E as produtoras se esforçam para atrair essa grande parcela, geralmente com dinheiro para gastar.

Então anúncios do tipo, parcerias com determinada marca de cerveja popular entre esse público e muita coisa cara para comprar estão dentro desse pacote desses festivais. E isso não acontece só no Brasil, é algo global. Uma coisa a ser entendida sobre o assunto: os festivais não precisam ser como nos anos 1960 ou 1970, mas virar essa coisa artificial de hoje também não é legal.

Jurava que esse tipo de modelo não teria vida longa por muito tempo, mas foi fácil constatar no Lollapalooza Brasil que a maior parte do público que vai nesse tipo de evento gosta das facilidades, gosta da área VIP, gosta dos brinquedos, gosta da balada depois do festival, gosta de uma área de games. Ou seja, esse modelo em que a música é só mais uma atração em meio a tantas outras está consolidado e, pelo visto, não tem mais volta.

A música já é tratada como algo descartável e pouco valorizada, agora os festivais de música estão indo pelo mesmo caminho.

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