Chuck Berry teve a coragem de me sacanear


Aos 90 anos, um dos ícones do rock and roll morreu no último dia 18

Muito bom, hein, Chuck Berry. O senhor está de parabéns por me aprontar um negócio desse no dia do meu aniversário. Sério, morrer no dia em que completei 29 anos foi uma sacanagem tremenda comigo. Porque, logo depois de ficar sabendo da sua morte, foi difícil aproveitar o resto da noite focado em qualquer outra coisa. As vozes das conversas estavam longe, e só pensava em como você foi incrível.

Alguém que estava nessa estrada desde o início dos anos 1950 tinha muita história para contar. Alguém que lançou ao mundo os sucessos "Roll Over Beethoven", "Rock and Roll Music" e "Johnny B. Goode", ídolo de gente como John Lennon e Keith Richards e ícone do rock não poderia ir assim, desse jeito, sem dizer adeus.

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Eu sei, você já estava velho. Mais de 90 anos na conta. A idade chega para todos nós, mas eu vivi por quase 30 anos em um mundo em que Chuck Berry viveu. Envelhecer tem dessas coisas, porque só nos tocamos da passagem do tempo quando passamos a frequentar maternidades e cemitérios. E isso vem acontecendo com cada vez mais frequência nos últimos anos. Ao mesmo tempo em que perdi gente querida, vem nenéns risonhos para alegrar os nossos dias. A balança da vida nunca fica desequilibrada, no fim.

Seu fim chegou, Chuck. Mas muito bem vividos, certo? Claro que você fez uma porrada de cagada enquanto esteve por aqui e mais graves do que morrer no dia do meu aniversário. Há quase seis meses, você havia anunciado um novo álbum de estúdio, o primeiro desde 1979. Tudo para comemorar o novo ano e também colocar um ponto final na sua carreira. São 60 anos do lançamento do primeiro álbum. É muito tempo – quase a idade da minha mãe, por exemplo.

Apesar da minha indignação por essa falta de educação de sua parte, gostaria de agradecer por tudo que você fez pela música ainda em vida. E te perdoo por ter roubado uma música do Marty McFly.



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