Resenha: Green Day – Revolution Radio


Apenas o trio original participou das gravações

Último disco do Green Day antes do desastroso projeto triplo ¡Uno!, ¡Dos! e ¡Tré! (todos de 2012), 21st Century Breakdown (2009) seguia a mesma linha do excelente American Idiot (2004). Apesar de ter uma qualidade visivelmente menor, apontava um caminho. Mas a ganância de lançar três álbuns em sequência não deu certo, e só serviu para esfriar qualquer possibilidade de maior ascensão do trio Billie Joe Armstrong, Mike Dirnt e Tré Cool para coisas maiores. A nova tentativa vem com algo mais humilde. Revolution Radio é o 12º disco de estúdio, o primeiro gravado apenas pelo trio desde 2009.

O início de "Somewhere Now" é uma balada que é bem semelhante, em estrutura e andamento, de algumas que eles lançaram recentemente. A tentativa de virar uma ópera rock fica pelo meio do caminho, o que nunca é bom. Depois vem a boa "Bang Bang", um petardo poderia estar em qualquer trabalho recente deles – a ponte para a segunda metade é mais suave e bem interessante. O discurso aparece em "Revolution Radio", desta vez tratando dos problemas atuais que os Estados Unidos vêm sofrendo nos direitos humanos.

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Mais uma balada, "Say Goodbye" traz o vocal de apoio mais enfático, enquanto o ar militar toma conta. O Green Day quis falar dos acontecimentos na cidade de Ferguson, porém sem a mesma força ou potencia de seu melhor trabalho recente – American Idiot. A banda começa a soar um cover de si mesma para ver se acerta o alvo. Ao usar o recurso de uma balada adolescente autobiográfica, "Outlaws", a tentativa de aliviar o tema anterior não funciona. E ainda soa uma "Boulevard Of Broken Dreams" de segunda linha, já "Bouncing Off the Wall" é apenas ruim mesmo.

Mais uma na linha autobiográfica, "Still Breathing" funciona bem ao contar os problemas recentes do vocalista com drogas e o processo de reabilitação; "Youngblood" é a continuação de “She’s A Rebel” - dá para o gasto e só. A descompromissada "Too Dumb to Die" é animada e serve para colocar um sorriso no rosto do tipo "ufa, nem sempre o Green Day precisa ser o U2 do punk".


"Troubled Times" é um tiro certeiro ao apontar certos problemas que vivemos hoje em dia – revisionismo histórico ou amaciamento de certos momentos cruéis do século passado. É uma balada cheia e de guitarra bem alta e o baixo é fundamental para guiar a melodia. A ópera rock "Forever Now" é mais mesmo, é cansativa e não funciona bem. São mais de seis minutos de repetição de elementos em que o Green Day plagia a si mesmo sem o menor pudor. A balada acústica "Ordinary World" coloca ponta final no disco de maneira melancólica.

É difícil ver quando uma banda vira um híbrido dela mesma. O Green Day tenta misturar tudo que fez ao longo de quase 30 anos de carreira, mas só conseguiu fazer uma salada sem sal. Quer ser o U2 do punk? Que seja, porém faça o negócio direito. Atirar para todos os lados sem propósito, ou com o propósito de agradar a todos, não funciona. Mais um registro apenas regular na conta.

Tracklist:

1 - "Somewhere Now"
2 - "Bang Bang"
3 - "Revolution Radio"
4 - "Say Goodbye"
5 - "Outlaws"
6 - "Bouncing Off the Wall"
7 - "Still Breathing"
8 - "Youngblood"
9 - "Too Dumb to Die"
10 - "Troubled Times"
11 - "Forever Now"
I. "I'm Freaking Out"
II. "A Better Way to Die"
III. "Somewhere (Reprise)"
12 - "Ordinary World"

Nota: 2,5/5



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