Resenha: Bombino – Azel


Guitarrista nigerino lança terceiro álbum em cinco anos

Um dos grandes nomes da guitarra do continente africano, Bombino nasceu em Agadez, no Níger, e é um tuaregue – povo nômade que vive, em sua maioria, na região que abrange do deserto do Saara. Militante nos direitos de seu povo, acabou se auto exilando em vários países enquanto aprendia guitarra e era inspirado por Jimi Hendrix e Mark Knopfler, para ficar em dois exemplos. Quando retornou ao seus país, acabou tendo que fugir para Burkina Faso para não ser perseguido pelo governo local. Mas ele nunca parou de fazer música de Azel é seu terceiro disco de estúdio em sua carreira solo, que começou em 2011.

É difícil não ficar impressionado com a habilidades de Bombino na guitarra logo na primeira canção. "Akhar Zaman (This Moment)" não só traz todo talento dele no instrumento, como consegue situar o ouvinte no tipo de música feita naquela região do mundo. Em "Iwaranagh (We Must)", ele explora todos os elementos da guitarra em uma ótima parte instrumental, feita para o ouvinte prestar atenção em cada detalhe de cada nota sendo tocada.

A acústica "Inar (If You Know the Degree of My Love for You)" tem ajuda de um belo vocal de apoio para dar sustentação à música, e "Tamiditine Tarhanam (My Love, I Tell You)" é mais agitada e, até por isso, coloca uma alegria na audição. Mais presente do que nas anteriores, a percussão dá o tom de "Timtar (Memories)" e consegue manter o ritmo sem o menor problema.

Não é só o talento de Bombino que encanta, mas a forma como ele consegue conduzir as coisas. "Iyat Ninhay/Jaguar (A Great Desert I Saw)" é um bom exemplo, pois ele conseguiu colocar elementos locais em um típico blues. Essa música não perde em nada para nenhum guitarrista famoso. A sequência "Igmayagh Dum (My Lover)" e "Ashuhada (Martyrs of the First Rebellion)" mostra toda qualidade de Bombino em fazer ótimas melodias marcantes.

"Timidiwa (Friendship)" tem uma guitarra agitada e dando o tom o tempo inteiro, já "Naqqim Dagh Timshar (We Are Left in This Abandoned Place)" traz uma tristeza na letra que é possível identificar até mesmo para quem não entende – só a melodia é suficiente para abraçar a ideia de um encerramento melancólico.

O disco é maravilhoso, um dos melhores que ouvi no ano. Com uma delicadeza ímpar e cheio de nuances sobre a terra natal de Bombino, esse álbum o coloca como um dos grandes instrumentistas dessa década.

Tracklist:

1 - "Akhar Zaman (This Moment)"
2 - "Iwaranagh (We Must)"
3 - "Inar (If You Know the Degree of My Love for You)"
4 - "Tamiditine Tarhanam (My Love, I Tell You)"
5 - "Timtar (Memories)"
6 - "Iyat Ninhay/Jaguar (A Great Desert I Saw)"
7 - "Igmayagh Dum (My Lover)"
8 - "Ashuhada (Martyrs of the First Rebellion)"
9 - "Timidiwa (Friendship)"
10 - "Naqqim Dagh Timshar (We Are Left in This Abandoned Place)"

Nota: 4,5/5



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