Resenha: Yo La Tengo – Stuff Like That There


Ao ser uma das bandas mais legais da história, o Yo La Tengo conseguiu angariar uma base de fãs muito bacana em 31 anos de atividades. Mas o sucesso só veio mesmo no início da década passada com Summer Sun, de 2003. Estabelecidos e mais relaxados, o grupo colocou no mercado há alguns dias Stuff Like That There que, além de regravações deles mesmos, tem alguns covers.

A balada acústica "My Heart's Not In It" abre o disco. Composta por Darlene McCrea, ex-Raelettes (vocalistas de apoio da banda de Ray Charles), a canção tem uma letra muito bonita e ganhou um tratamento ainda mais suave na versão do Yo La Tengo. Primeira de duas inéditas, "Rickety" também é bem tranquila, assim como a boa versão de "I'm So Lonesome I Could Cry" , um dos clássicos compostos e cantados por Hank Williams.

Primeira das releituras de canções da própria banda, "All Your Secrets” manteve o tom sereno, só mudando a base do piano para uma no violão, enquanto "The Ballad of Red Buckets” perdeu bastante do ímpeto da original, mas ganhou em instrumentos e em classe. Voltando aos covers de outras bandas, o Yo La Tengo foi outra que pegou "Friday I'm in Love", do The Cure, e fez uma versão própria. Quer dizer, não é bem uma versão, é mais pegar a música e tocá-la de forma acústica. Ou seja, não tem muito segredo para quem sabe das coisas.

A simples "Before We Stopped to Think" perde de longe para a ótima versão de "Butchie's Tune", lançada originalmente pelo Lovin' Spoonful em 1966. Apesar de manter o mesmo estilo das anteriores, "Automatic Doom" tem mais ousadia por parte da banda ao usar uma guitarra distorcida para dar um tom mais psicodélico, a cara do estilo do Special Pillow.

Com enorme potencial para virar single e ser aproveitada nos shows ao longo dos próximos anos, "Awhileaway" é o grande acerto do álbum. Segunda inédita, ela traz um Yo La Tengo mais experiente e interessante de ser acompanhar. Que seja a primeira de muitas boas canções do estilo que a banda faça de agora em diante. E "I Can Feel the Ice Melting", funkeada e cheia de coros na ótima versão do Parliaments (recomendo ouvir, inclusive), ficou mais delicada e mais... Indie.

Uma balada na versão original também foi transformada em uma aqui, no caso é "Naples". E uma pena que a versão desse álbum de "Deeper Into Movies” tenha perdido tanto – a original, com quê de Sonic Youth, é bem melhor. Mais próxima da original possível, mais do que qualquer outro cover deste trabalho, "Somebody's In Love" encerra muito bem o disco – ela tem potencial para virar ‘propriedade’ da banda de tão boa que ficou. Não é um álbum que altera a gravidade na Terra, mas é divertido e até inspirador, pois traz um Yo La Tengo solto e pronto para celebrar sua própria carreira.

Tracklist:

1 - "My Heart's Not In It" (Darlene McCrea)
2 - "Rickety"
3 - "I'm So Lonesome I Could Cry" (Hank Williams)
4 - "All Your Secrets” (original on Popular Songs)
5 - "The Ballad of Red Buckets” (original on Electr-O-Pura)
6 - "Friday I'm in Love" (The Cure)
7 - "Before We Stopped to Think" (Great Plains)
8 - "Butchie's Tune" (The Lovin' Spoonful)
9 - "Automatic Doom" (Special Pillow)
10 - "Awhileaway"
11 - "I Can Feel the Ice Melting" (The Parliaments)
12 - "Naples" (Antietam)
13 - "Deeper Into Movies” (original on I Can Hear The Heart Beating As One)
14 - "Somebody's In Love" (The Cosmic Rays with Le Sun Ra and Arkestra)

Nota: 3/5



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