Resenha: Jackie Greene – Back to Birth


Por Gabriel Carvalho 

Jackie Greene, 34 anos, é natural da cidade de Salinas, no estado norte-americano da Califórnia. O primeiro disco, Gone Wanderin’, saiu em 2002. Desde então, Greene gravou mais seis discos até 2010 – ano de lançamento de Till The Light Comes. Depois, o músico se envolveu em outros projetos, tendo como maior destaque a participação na última reunião do Black Crowes – aparentemente, a última, dadas as declarações recentes dos irmãos Robinson – como segundo guitarrista, ocupando o lugar que já teve nomes do calibre de Marc Ford e Luther Dickinson.

Em 2015, Greene resolveu encerrar o período ausente dos estúdios e lançar Back To Birth, oitavo disco solo. Apesar das influências de Americana (o ritmo, não a cidade), blues, southern, soul e rock, as composições deste disco têm apelo pop – não entendam isso como demérito, caros leitores, é apenas uma constatação.

O álbum abre com a bela balada southern “Silver Lining” – destaque para o riff de guitarra que abre a canção, combinado com gaita, que formam uma combinação muito interessante, além de uma melodia bem trabalhada. “Now I Can See For Miles” é pop/rock que tocaria facilmente nas rádios do gênero. Não é brilhante, mas também não compromete.

“A Face Among The Crowd” é uma singela declaração de agradecimento aos pais. Violões dedilhados com delicadeza, com uma letra daquelas de tirar lágrimas dos olhos dos mais sensíveis. “Light Up Your Window” pega influências do country e do bluegrass e coloca numa embalagem pop, resultando em mais uma faixa que “joga com o regulamento embaixo” do braço. “Trust Somebody” segue a mesma fórmula, mas as influências são oriundas do blues e do soul. Um pouco superior à antecessora, a canção vale pelos arranjos bem feitos.

“Motorhome” é o primeiro grande destaque do disco, com muitas pitadas de Americana (repetindo, o gênero). Agradabilíssima de se ouvir, daquelas que o ouvinte aperta o botão de ‘repeat’. Na sequência, vem “Hallelujah” (que não é a composição de Leonard Cohen) é ‘2 em 1’: a primeira parte, que tem Greene cantando e o piano ao fundo, não chama a atenção e não empolga; na segunda metade, no entanto, as coisas melhoram: o gospel e o blues, com palmas e um coro completando o clima de celebração.

Se “The King Is Dead” não acrescenta com seu pop/rock descartável, o blues de “Where The Downhearted Go” é o segundo grande destaque do registro: a melhor interpreteção de Greene no disco, em uma letra que conta a história de um homem arrependido por ter deixado o amor da vida ir embora – o solo do guitarrista também merece menção honrosa por ser executado na medida certa para o que a canção pede.

“You Can’t Have Bad Luck All The Time” é a canção menos inspirada do disco, melodicamente falando: arranjos pop facilmente esquecíveis. Vale somente pela letra, que fala basicamente sobre superar obstáculos e vencer na vida. A faixa-título, que encerra o álbum, tem uma sequência de acordes interessantes no início e no refrão e um bom solo de guitarra no final, mas não passa muito disso.

Em Back To Birth, Greene entrega um bom disco, apesar das escorregadas. Vale o ‘play’, com alguns ‘skips’, mas vale.

Tracklist:

1 – “Silver Lining”
2 – “Now I Can See For Miles”
3 – “A Face Among The Crowd”
4 – “Light Up Your Window”
5 – “Trust Somebody”
6 – “Motorhome”
7 – “Hallelujah”
8 – “The King Is Dead”
9 – “Where The Downhearted Go”
10 – “You Can’t Have Bad Luck All The Time”
11 – “Back To Birth”

Nota: 3/5



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