Resenha: Walt Weiskopf – Open Road


Por Gabriel Carvalho 

Walt Weiskopf, saxofonista nascido em Augusta, no estado norte-americano da Geórgia, começou a tocar aos 14 anos. Desde então, foram 16 discos lançados como artista principal e trabalhos com músicos do calibre de Frank Sinatra, Buddy Rich e com a banda Steely Dan, entre outros.

A mais recente empreitada de Weiskopf é Open Road, o 17º disco como líder de banda – desta vez acompanhado por Peter Zak (piano), Mike Karn (baixo) e Steve Fidyk (bateria). “Premonition” abre os trabalhos com o ‘pé no acelerador’ – um bebop com um belíssimo improviso do saxofonista no meio da canção, em um dueto com Fidyk. “Let’s Spend the Day Together” reduz a velocidade e se aproxima do smooth jazz, só que com mais suingue. Aqui, Zak – parceiro de Weiskopf em outras jornadas – é o destaque com o solo de piano.

A faixa-título, dançante, traz a velocidade de volta. E que canção! O clima de descontração, como se os músicos estivessem em uma jam, é contagiante. Percebe-se claramente o entrosamento da banda, a soltura dos músicos e como eles se alternam nos improvisos. E, como se precisasse provar que é competente para tocar qualquer tema relacionado ao jazz – em qualquer velocidade – a banda executa uma versão sensacional de “Nancy (With the Laughing Face)”.

“Gates of Madrid” vem na sequência, com ritmos sincopados e Weiskopf em mais uma performance impressionante, dominando as ações, situação que se repete na balada “Stage Whisper”. “Invitation to the Dance”, que abre com o saxofonista tocando sozinho e a banda entrando na sequência, começa um pouco mais tranquila e depois se transforma em um jazz vigoroso – muito desse vigor vem do baixo de Karn, que se destaca nesta faixa.

Em “Tricycle”, mais doses de smooth jazz e mais uma faixa que agrada bastante – sem excessos, instrumentos facilmente audíveis (um pequeno parêntese: a produção do disco é muito boa) e o saxofonista mostra novamente versatilidade e muito talento. “Chronology” coloca um pouco de bebop no disco mais uma vez (com sucesso); a versão de “Angel Eyes” é daquelas para o ouvinte sentar na poltrona com uma taça de vinho e deixar o saxofone de Weiskopf e o piano de Zak tomarem conta da faixa (e do ambiente).

“Electroshock” começa com ritmos quebrados e depois acelera (bastante) o ritmo, mas a impressão para o ouvinte é de que os músicos conseguem tocar sem nenhum esforço, tamanha a naturalidade com que executam a faixa – o solo de Fidyk é simplesmente fantástico. Para encerrar, “Leaves of Grass” é uma jam de jazz que, ao mesmo tempo em que coloca um sorriso no rosto do ouvinte por ser mais uma canção de alto nível, deixa-o triste, pois é um sinal de que o disco está chegando ao fim. Karn é o principal nome desta faixa – responsável pelo groove e mandando um solo de primeira no trecho final.

Walt Weiskopf acertou em cheio em Open Road, disco que certamente engrossa a lista de candidatos a melhor disco de jazz do ano. Este que vos escreve ouviu o disco atentamente e procurou alguma ressalva, mas falhou miseravelmente. Um fracasso, porém que deixa uma sensação agradabilíssima

Tracklist:

1 – “Premonition”
2 – “Let's Spend the Day Together”
3 – “Open Road”
4 – “Nancy (With the Laughing Face)”
5 – “Gates of Madrid”
6 – “Stage Whisper”
7 – “Invitation to the Dance”
8 – “Tricycle”
9 – “Chronology”
10 – “Angel Eyes”
11 – “Electroshock”
12 – “Leaves of Grass”

Nota: 5/5

Veja também:
Resenha: Terakaft – Alone
Resenha: Tame Impala – Currents
Resenha: Neil Young – The Monsanto Years
Resenha: Buffy Sainte-Marie – Power In The Blood
Resenha: Tom Collier - Alone In The Studio
Resenha: Bryan Bowman - Like Minds
Resenha: Millencolin – True Brew