Resenha: Bryan Bowman - Like Minds


Por Gabriel Carvalho 

Bryan Bowman, baterista oriundo de San Francisco, está em contato com a música desde o nascimento: o pai é pianista clássico e professor emérito do departamento de música na California State University, enquanto a mãe toca cello e é especialista nas danças folk dos Bálcãs – apesar de ter a psicologia como profissão. Com todas estas influências, seguir o caminho da música foi praticamente algo natural para Bowman.

Depois de prestar serviços para uma infinidade de músicos – entre eles Deron Johnson, tecladista que tocou com Miles Davis – o baterista lança o primeiro disco solo, Like Minds. São onze faixas, todas inéditas, que levam o ouvinte a uma viagem musical de pouco mais de uma hora. Tudo começa no bebop de “Pick You Up”, que bebe bastante nas fontes do passado. A velocidade cai em “The Undone”, porém o nível aumenta: melodia e performance brilhantes, com destaque para os solos de piano e de contrabaixo.

A esta altura, já é possível perceber o quanto a produção do disco é boa. Notam-se claramente todos os instrumentos tocados, sem que soem embolados num emaranhado sonoro.

“Needles Everywhere” e “Entitled” seguem a linha jazzística com extrema competência – na primeira, o baterista finalmente dá o ar da graça em um solo; na segunda, a melodia é deliciosa de se ouvir – e dão ao ouvinte mais uma certeza: os músicos que Bowman reuniu para gravar o disco são muito, mas muito bons. O rock aparece em pequenas doses para dar um toque diferente (e interessante) a “Restless Boy”, cujos destaques são o solo de contrabaixo e a performance sólida de toda a banda.

O ritmo fica acelerado novamente em “Other One”, outro bebop, que é protagonizado pelo naipe de metais e pelo piano, enquanto contrabaixo – com um breve solo quase no final – e bateria fazem a ‘cozinha’ com precisão. As coisas se voltam para o Brasil em “Sleeping Cutie”, que é pura e simplesmente uma canção de bossa nova que colocaria um sorriso no rosto dos criadores do gênero ao ser ouvida.

A ótima “Baloo’s” tem um quê de blues; “Upper Hand” é um jazz com tempos quebrados, o que se percebe ao ouvir a performance de Bowman, que protagoniza as ações aqui com brilhantismo – é o melhor momento dele, enquanto solista, no disco. A dobradinha final do álbum é composta pela faixa-título, um jazz tradicional que poderia figurar em qualquer disco dos anos 1960 e ninguém estranharia – isso é um elogio – e por “Border”, uma belíssima balada na qual o piano é o protagonista.

A estreia de Bryan Bowman como artista solo é muito boa. Like Minds é daqueles discos que você compra e não ouve uma vez, mas várias vezes. Daqueles discos que têm um lugar especial nas nossas estantes, HDs, iPods ou qualquer outro dispositivo utilizado para armazenar música.

Tracklist:

1 – “Pick You Up”
2 – “The Undone”
3 – “Needles Everywhere”
4 – “Entitled”
5 – “Restless Boy”
6 – “Other One”
7 – “Sleeping Cutie”
8 – “Baloo's”
9 – “Upper Hand”
10 – “Like Minds”
11 – “Border”

Nota: 4,5/5




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