Resenha: Zac Brown Band - Jekyll + Hyde


Liderada por Zac Brown, a Zac Brown Band ganhou muito prestígio nos últimos anos. Primeiro por fazer um country com muitos elementos de outros gêneros, entre eles o blues e o southern rock, um subgênero. Como coroação disso, o cantor apareceu no terceiro episódio de Sonic Higways, pedaço da série passado em Nashville, a Meca da country music.

Foi praticamente impossível não contar os dias para o lançamento de Jekyll + Hyde, quarto álbum de estúdio da banda, disponibilizado recentemente em CD, vinil e nos serviços de streaming. Mas é difícil pensar em um disco bom quando começa com "Beautiful Drug", que mais parece uma música da Taylor Swift do que qualquer outra coisa. Cheia de efeitos, batidas e outras coisas espantosamente ruins. É comercial? Sim, sem dúvida, mas é ruim.

A coisa não melhora muito na chata e piegas em excesso "Loving You Easy", uma balada romântica tão pobre que parece um sertanejo universitário. O álbum começa de verdade em "Remedy", um country blues de bom nível – em comparação com as duas primeiras, é tão bom que é perigoso alguém chamá-lo de genial em algum lugar por aí. Em "Homegrown", o trabalho até que embala, já que o grupo consegue trabalhar bem a linha tênue entre o country mais antigo e o chamado country pop atual.

Não é nada fácil fazer um standard por alguns motivos, entre eles o (a) cantor (a) precisa segurar muito bem a voz do início ao fim. Sara Bareilles faz isso brilhantemente e rouba a atenção em "Mango Tree". Em compensação, Zac Brown é quase um desastre por não ter voz para esse tipo de música, que, geralmente, necessita de um cara com bastante potencia para complementar a voz feminina. Nisso ele falha com veemência.

Daí tudo muda de figura completamente em "Heavy Is the Head", muito mais pesada que a anterior, cheia de guitarras e tem um Chris Cornell até que inspirado. Mas é o negócio: como alguém sai de um standard para uma faixa muito ao estilo Soundgarden? E não é nem uma crítica à música em si, que é boa, mas a como o álbum foi montado. Retornando o momento Nativa FM, "Bittersweet" não dá. É uma balada muito ruim.

Uma clara mostra da zona musical desse disco é "Castaway", que tem de tudo – desde reggae até folk. E ainda quer parecer pop, e pior, até que soa pop e deve fazer sucesso como single. Para ferrar com tudo, ele me traz de volta a batida chata em "Tomorrow Never Comes". Ao ouvir "One Day", pensei em cantores desses realities shows se esgoelando para interpretá-la, não no possível representante da country music em um futuro próximo.

Duas baladinhas chatas ("Dress Blues" e "Young and Wild"), uma cheia de solos de guitarra, emulando o pior do Bon Jovi, e outra que mais soa como tema do filme do Rei Leão. O trecho de "Is There Anybody Out There?", do Pink Floyd, não salva "Junkyard". Longa em excesso, é tão entediante quanto ir na casa daquela tia que ninguém gosta. O que esperava de Zac Brown aparece em "I'll Be Your Man (Song for a Daughter)", música acústica com uma típica história triste sobre aquele amor perdido ao melhor estilo Willie Nelson – e o toque gospel só a melhora. O álbum termina com a dançante e bonitinha "Wildfire", recheada de riffs e solos de guitarra.

É muito, muito pouco para quem é tratado como a próxima geração do country. Aqui, fica claro que ele não sabe o que quer da vida: se quer soar pesado, fazer baladas românticas, country ou qualquer outra coisa. É um tanto deprimente lançar um disco tão longo sem foco, sem graça e recheado de músicas ruins.

Tracklist:

1 - "Beautiful Drug"
2 - "Loving You Easy"
3 - "Remedy"
4 - "Homegrown"
5 - "Mango Tree" (featuring Sara Bareilles)
6 - "Heavy Is the Head" (featuring Chris Cornell)
7 - "Bittersweet"
8 - "Castaway"
9 - "Tomorrow Never Comes"
10 - "One Day"
11 - "Dress Blues"
12 - "Young and Wild"
13 - "Junkyard" (com "Is There Anybody Out There?", do Pink Floyd)
14 - "I'll Be Your Man (Song for a Daughter)"
15 - "Wildfire"
16 - "Tomorrow Never Comes" (Acoustic Version)

Nota: 1,5/5


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