Resenha: Avishai Cohen Trio – From Darkness



Avishai Cohen, baxista israelense, ganhou fama ao surgir como um dos membros originais do sexteto Origin, de Chick Corea. Desde 1998, lançou 14 discos, seja como artista solo, em parcerias com outros músicos ou no Avishai Cohen Trio. É com o último, ao lado dos também israelenses Nitai Hershkovits (piano) e Daniel Dor (bateria), que Cohen lança o mais recente material, intitulado From Darkness.

Cohen não se limita ao jazz tradicional em suas composições e exibe influências dos mais variados ritmos nas canções deste disco. A começar pela curta (são pouco mais de dois minutos) “Beyond”, que tem certa inclinação para o fusion e funciona como se fosse uma jam de aquecimento dos músicos antes do começo do ‘show’. “Abie” tem influências latinas e protagonismo de Hershkovits e Dor, enquanto o líder dá a base para os companheiros mostrarem que não estão ali apenas para ‘cumprir tabela’.

“Halelya” é mais calma e tem muito de música clássica, além de mostrar toda a virtuosidade de Hershkovits no piano. A vigorosa "C#-", com suas métricas complexas, poderia soar pedante. No entanto, é uma exibição daquelas que leva o ouvinte para outra dimensão, tamanha a naturalidade com que é executada. “Ballad For An Unborn”, a faixa mais longa do registro (7min40s) é a que mais se aproxima do jazz tradicional, embora também tenha ‘meio pé’ na música clássica. É a única do disco em que há espaço para solos de cada um dos integrantes.

O nível continua alto na faixa-título, com Cohen simplesmente destruindo tudo no baixo elétrico – aqui é possível notar como Jaco Pastorius é realmente uma das inspirações para o israelense. “Lost Tribe” é um jazz dançante e de ritmo marcante, com belos solos de Hershkovits. A suave “Almah Sleeping” quebra o clima acelerado e traz novamente as influências da música clássica. A bateria de Dor é tocada de maneira tão sutil que quase não é percebida durante a canção.

“Signature” é mais uma jam e é a faixa mais curta do disco (1min11s), funcionando como uma introdução para “Amethyst”. O ‘riff’ da canção é contagiante e Cohen, mais uma vez, domina as ações com um solo cheio de técnica e feeling. Para encerrar o disco, a única regravação: “Smile”, de Charles Chaplin, que ganha uma roupagem jazzística e soa muito interessante.

A única ressalva a From Darkness reside no fato de algumas músicas serem curtas demais – lembrem-se, estamos falando de um disco de jazz. Quando parece que o ouvinte será presenteado com improvisos brilhantes, a faixa é encerrada. Mas não chega a ser algo que tire o brilho do disco, que é excelente.

Tracklist:

1 – “Beyond”
2 – “Abie”
3 – “Halelyah”
4 – “C#-”
5 – “Ballad For An Unborn”
6 – “From Darkness”
7 – “Lost Tribe”
8 – “Almah Sleeping”
9 – “Signature”
10 – “Amethyst”
11 – “Smile”

Nota: 4,5/5