Oito anos é muito tempo sem lançar um disco novo. O mundo viu dois Papas no período, viu Itália, Espanha e Alemanha vencerem a Copa do Mundo, viu o fim do mandato de George W. Bush e a eleição de Barack Obama nos Estados Unidos e viu o PT vencer três eleições presidenciais nesse período. Enquanto isso, Damien Rice enchia as rádios com seu single grudento "The Blower's Daughter" ser sucesso em todos os cantos onde se tinha um rádio ligado.
Até de maneira surpreendente, o cantor anunciou que lançaria um novo trabalho ainda neste ano. Não foi difícil pensar que ele viria recheado de músicas ao melhor estilo de Rice, e isso foi confirmado quando o nome de Rick Rubin apareceu nos créditos como produtor. Nos últimos anos, Rubin tem sido conhecido por levar bandas, cantores e cantoras de voltar às raízes – leia-se ao momento da carreira em que atingiram o topo.
Logo na primeira audição, é possível perceber que My Favourite Faded Fantasy é redondo, bem produzido e tudo está em seu devido lugar. Não há exageros, excessos ou coisas fora do lugar. Para um retorno, o cantor e o produtor optaram pela segurança de canções recheadas de melodias um tanto óbvias e letras melosas. Mas quando se tem Rubin na produção, é um risco que se corre. É o típico risco calculado, aquele que você não dá um passo atrás para ganhar à frente, mas dá um passo com segurança. Sem risco de surpreender, vai satisfazer os fãs que ansiavam por um retorno.
A faixa-título é um retrato claro disso. "My Favourite Faded Fantasy" é o resumo perfeito desse disco com sua melodia suave, letra romântica, um leve momento em que a guitarra aparece para subir o clima até o encerramento. Com quase dez minutos, "It Takes a Lot to Know a Man" é muito bem trabalhada e soa muito como uma peça de ópera – com clímax e todos os componentes necessários para o personagem principal aparecer – com o final todo instrumental e dominado pelo violino beirando a comoção.
Junte um violão mais um clima épico e pronto, está formada "The Greatest Bastard". Não foge do comum, mas é outra tão bem acabada que impressiona. Na mesma balada está "I Don't Want to Change You", a mais melosa de todas, enquanto "Colour Me In" não impressiona, pois usa as mesmas técnicas de outras faixas presentes neste mesmo álbum. "The Box" tenta emular o som grudento de "The Blower's Daughter", mas sem sucesso.
Quase certeza que "Trusty and True" deve ser aproveitada em algum filme romântico ou em qualquer outra coisa do gênero, porque tem cara de encerramento – seja pelo tamanho, teor ou ambos. Oitava canção, "Long Long Way" encerra bem o álbum, que funciona bem e vai agradar quem gosta dele. Não é um disco que estará presente em muitas listas, mas, nesse caso, o importante é ver Rice gravando e fazendo música.
Tracklist:
1 - "My Favourite Faded Fantasy"
2 - "It Takes a Lot to Know a Man"
3 - "The Greatest Bastard"
4 - "I Don't Want to Change You"
5 - "Colour Me In"
6 - "The Box"
7 - "Trusty and True"
8 - "Long Long Way"
Nota: 3/5
Veja também:
Resenha: Tony Allen – Film Of Life
Resenha: Smashing Pumpkins – Monuments To An Elegy
Resenha: Stu Larsen – Vagabond
Resenha: She and Him – Classics
Resenha: John Coltrane - Offering: Live at Temple University
Resenha: TV On The Radio – Seeds
Siga o blog no Twitter, Facebook, Instagram, no G+, no no Tumblr e no YouTube
Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais!