Resenha: Deerhunter – Fading Frontier


Fazer parte de uma lista de melhores do ano é sempre algo legal para uma banda não conhecida do público comum. No caso do Deerhunter, o excelente Monomania tirou o grupo de Atlanta do underground e os colocou em uma posição interessante: a de muita gente ir atrás dos discos para conhecer mais o trabalho deles. Até por tudo isso, Fading Frontier, sétimo disco de estúdio, vem com imensa expectativa.

  • Gravadora: 4AD
  • Lançamento: 16 de outubro
  • Duração: 36min02
  • Produção: Deerhunter e Ben H. Allen
"All the Same" começa com tudo, incluindo aí uma pegada bem interessante, instrumentos pouco comuns na música pop, toca na mudança de um pai que mudou de sexo... É um ótimo início, de fato. Na segunda faixa, "Living My Life", existe uma mudança de ritmo e a banda opta por algo mais alternativo, próximo do feito no disco anterior. Com uma letra de fácil acesso e identificação, é uma ótima música com tendência a sobreviver por muito tempo nas apresentações.

Melancólica, e até infeliz, "Breaker" tem um refrão triste e reflexivo (Breaking the waves/Again and though I try/The ocean is strong/I cannot stem the tide/Breaking the waves/Again and though I try/I can't seem to stem/The tide and though I try/I try) e, emendando uma na outra, "Duplex Planet" aparece e soa muito um Tame Impala mais leve – ou seria o Deerhunter um Tame Impala mais pesado? –, mas também cheio de efeitos. Até aqui, em faixas com menos de quatro minutos, foi possível perceber que ainda é possível fazer canções desse tipo e encerrá-las bem, sem precisar forçar uma parte instrumental desnecessária só para fechá-las.

Primeira das três mais longas, "Take Care" usa mais a chamada estrofe instrumental, e eles trabalham muito bem isso ao longo de pouco mais de quatro minutos, enquanto a mais estranha do trabalho todo ("Leather and Wood") é mais falada que cantada e tem uma melodia bem estranha de se acompanhar – eu gosto muito, no caso.

Agitada, "Snakeskin" tem muitas guitarras altas (isso é sempre bom) e letra fácil (isso também é bom), já "Ad Astra" é um shoegaze legítimo e pede passagem na parte final do disco, talvez por ser a mais serena entre todas as canções. Encerrando, o vocalista se pergunta ‘o que há de errado comigo’ em "Carrion", um ótimo final.

Mais uma vez, o Deerhunter apresenta um trabalho acima da média. Ainda que um pouco inferior ao anterior, Fading Frontier mantém o grupo entre as referências na música experimental. E eles ainda conseguiram colocar alguma pitada pop, o que é sempre interessante.

Tracklist:

1 - "All the Same"
2 - "Living My Life"
3 - "Breaker"
4 - "Duplex Planet"
5 - "Take Care"
6 - "Leather and Wood"
7 - "Snakeskin"
8 - "Ad Astra"
9 - "Carrion"

Nota: 4/5

Bradford Cox: vocais, guitarra, percussão, teclados e efeitos
Lockett Pundt: guitarra, vocalista de vez em quando e teclados
Moses Archuleta: bateria, percussão e efeitos
Josh McKay: baixo e guitarra

Convidados:
Tim Gane: órgão eletrônico (na faixa 4)
James Cargill: sintetizadores (na faixa 5)
Zumi Rosow: saxofone (na faixa 7)



Veja também:
Resenha: ALO – Tangle of Time
Resenha: St Germain – St Germain
Resenha: Tiken Jah Fakoly – Racines
Resenha: Juçara Marçal & Cadu Tenório – Anganga
Resenha: Bárbara Eugenia – Frou Frou
Resenha: John Scofield – Past Present
Resenha: Black Alien – No Princípio Era o Verbo - Babylon by Gus, Vol. II

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais! Isso ajuda pra caramba o blog a crescer e ter a chance de produzir mais coisas bacanas.