Resenha: Deerhunter – Monomania


O Deerhunter é dessas bandas que poucas pessoas prestam atenção, mas é muito boa. Nos últimos anos, eles vêm fazendo discos excelentes. Outra coisa sensacional neles é que não apenas um estilo só – noise rock, art rock, shoegaze, pop e post-punk fazem parte do vasto repertório de um grupo que está ganhando o reconhecimento já com seus 12 anos de vida.

O novo trabalho, chamado Monomania, começa com “Neon Junkyard”, faixa que beira o alternativo, parecendo que não vai engrenar logo de cara. Mas, calma, isso acontece – paciência e prestar atenção principalmente na poesia das letras muda a percepção na audição. Aqui, todos os complementos funcionam muito bem, lembrando um pouco o trabalho feito pelo My Bloody Valentine.

E se a abertura lembra um pouco o MBV, “Leather Jacket II” é shoegaze misturado com rock alternativo dos anos 1980. Uma das boas músicas de 2013. Já “The Missing” coloca o pop com art rock depressivo na roda em uma letra que puxa muito para o refrão e para repetição do uso do título.

“Pensacola” lembra um pouco o country rock, ritmo americano que mistura as raízes do meio-oeste com rock and roll, com aquela pitada de rock alternativo. Quase na metade do disco, “Dream Captain” tem uma temática interessante e uma melodia boa, mas não passa muito disso, enquanto “Blue Agent” satisfaz até não querer mais.

A belíssima “T.H.M.” tem tudo que uma canção excelente pode ter: um refrão bom, melodia acompanhável e sabe cadenciar bem o momento entre as partes – no caso do Deerhunter, ele é bem delicado e profundo. Continuando nesse embalo de faixas mais indies, “Sleepwalking” soa como algo feito pelo The National ou pelo The xx. Não é ruim, mas disso o mundo já está cheio. A dançante “Back to the Middle” mostra que ainda é possível fazer músicas para dançar que não apelem muito eletrônico ou naquele refrão cansativo e sem sentido.

Canção- título do trabalho, “Monomania” retoma àquele ritmo do início – mais Sonic Youth do que nunca. Única acústica, “Nitebike” é muito triste e os elementos que compõe a canção colaboram para aumentar esse sentimento. Encerrado Monomania, “Punk (La Vie Antérieure)” mistura tudo que foi feito no disco, e o resultado disso é brilhante.

Não é fácil casar todas as influências em um disco só, ainda mais quando elas não estão tão próximas. Mas esse não foi o caso do Deerhunter em Monomania, um disco de um brilhantismo absurdo. Tudo se encaixa perfeitamente bem, deixando o trabalho coeso e cheio de ótimas canções. Mesmo com um ou outra pequena coisa que incomoda, o resultado final não deixa de ser muito acima da média.

Tracklist:

1 - "Neon Junkyard"
2 - "Leather Jacket II"
3 - "The Missing"
4 - "Pensacola"
5 - "Dream Captain"
6 - "Blue Agent"
7 - "T.H.M."
8 - "Sleepwalking"
9 - "Back to the Middle"
10 - "Monomania"
11 - "Nitebike"
12 - "Punk (La Vie Antérieure)"

Nota: 4,5/5



Veja também:
Resenha: Lorde – Pure Heroine
4 em 1: Clarice Falcão, Nevilton, Madrid e Ed Motta
Resenha: Lady Gaga – Artpop
Resenha: Rod Stewart – Time
Resenha: Johnny Marr - The Messenger

Siga o blog no Twitter

Curta a página do blog no Facebook


Comentários