Resenha: Deafheaven – New Bermuda


Cinco anos de carreira é muito pouco tempo para fazer qualquer coisa, mas existem bandas que conseguem ser relevantes em seus gêneros com esse ou até menos tempo. É o caso do Deafheaven, uma das novas referências no chamado blackgaze, a mistura de black metal com shoegaze. New Bermuda, novo disco de estúdio deles, chamou muito mais a atenção da mídia especializada do que os outros – isso mostra como certos grupos, o Ghost é um exemplo, ultrapassam barreiras em alguns casos.

  • Gravadora: ANTI-
  • Lançamento: 2 de outubro
  • Produção: Jack Shirley
  • Duração: 46min45
Primeiro single do disco, "Brought to the Water", de cara, traz a temática do álbum: um disco para adultos feito por adultos. Os gritos, a melodia extremamente pesadas, guitarras altas e a melancolia e desespero da letra chamam muito a atenção. Depois disso, vem uma parte instrumental ainda cheia de energia, mas suave. A duração pode parece longa, mais de oito minutos, mas vale muito a pena. Muitas bandas dariam o que não têm por uma faixa assim.

A parte final revela um momento apenas para um piano, que acaba servindo de abertura para a canção seguinte, a mais longa de todo trabalho, "Luna". Ela começa pesada, um verdadeiro black metal,  e não diminui em momento algum. A grande pergunta é: como eles fazem para soar assim, tão melancolicamente maravilhosa? Escrita depois de uma noite em claro em sua nova casa, George Clarke conseguiu colocar traduzir a insegurança e a solidão em uma letra cruel para qualquer ser humano – o instrumental dessa canção é absurdamente bom.

Sofrer de insônia não deve ser muito fácil para Clarke, que fez "Baby Blue" depois de mais uma noite em claro. O desejo de estar em outro estado de consciência faz parte da reflexão e, além disso, o outro tem o desejo de uma noite em paz, sem acordar suado ou depois de mais um pesadelo. "Come Back" tem a melhor melodia de todas, algo suave e sereno na segunda metade, já a triste letra traz o autor querendo o retorno de um amigo que morreu depois de uma overdose no ano passado.

A fatalista "Gifts for the Earth" encerra o disco falando em fim da vida, enterros e em ‘a minha carne desintegra-se ao ser consumida pela terra’. A dor e o sofrimento que George Clarke consegue colocar em sua interpretação são daquelas coisas que emocionarão quem conseguir entender o que ele diz em sua essência. Não é um disco fácil, pois é triste e até depressivo em certo ponto. Mas até a tristeza tem sua beleza.

É um álbum muito bonito, reflexivo e emocionante. São poucos os autores que conseguem colocar tantas coisas em um único trabalho de apenas cinco faixas. Cada uma vale muito para pensarmos sobre nós mesmos em um dos melhores discos do ano.

Tracklist:

1 - "Brought to the Water"
2 - "Luna"
3 - "Baby Blue"
4 - "Come Back"
5 - "Gifts for the Earth"

George Clarke: vocais
Kerry McCoy: guitarra
Daniel Tracy: bateria
Stephen Clark: baixo
Shiv Mehra: guitarra

Nota: 4,5/5



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