Resenha: Joe Satriani – Shockwave Supernova


A carreira do guitarrista Joe Satriani é sublime. Além de uma ótima carreira solo, ele faz parte do Chickenfoot, talvez a banda mais legal de hard rock surgida nos últimos anos. Shockwave Supernova é seu 15º disco de estúdio, e a grande pergunta é: que mais alguém com quase 30 anos de carreira pode oferecer neste momento de sua vida?

O disco começa com a faixa-título mostrando a força de Satriani com a guitarra. Como é um trabalho instrumental do início ao fim, espere forças concentradas inteiramente nos instrumentos – o que é bom, porque, no caso dele, é o que ele tem de genialidade. A faixa te conquista principalmente na segunda metade, quando ele sola até ela crescer e virar uma onda imensa de riffs e melodias nos ouvidos. Segunda canção, "Lost in a Memory" é mais suave, quase um blues de tão profundo e reflexivo.

Nesta em questão, é interessante perceber como o guitarrista consegue trabalhar bem as notas até atingir o ponto alto, isso sem precisar de malabarismos ou invencionices. A simplicidade de alguém hábil e com foco no que está fazendo explica muito o sucesso de Satriani como guitarrista. Um exemplo disso é a excelente "Crazy Joey", em que tudo – desde as pausas até o momento mais acelerado – faz sentido e casa muito bem. É uma aula de guitarra, basicamente.

"In My Pocket" não tem muita coisa surpreendente, mas "On Peregrine Wings" é incrivelmente boa. E ela parece ter uma referência de música brasileira ou africana, principalmente pelo jeito da percussão e da bateria – animadas e cheias de energia. A sequência "Cataclysmic", "San Francisco Blue" e "Keep on Movin'", cada uma dentro de suas características, apresenta um guitarrista inspirado e mostrando tudo que pode nas notas – aliás, as três formam uma sequência de respeito.

Certas canções têm o poder de tocar o coração das pessoas, e isso aconteceu comigo quando ouvi "All of My Life". Um blues de alto nível que chama a refletir sobre algumas coisas, e "A Phase I'm Going Through" tem uma pegada anos 1990, principalmente por ser grudenta e pelo início que lembra um riff de uma banda de um sucesso só. E "Scarborough Stomp" arremata bem esse conjunto de três músicas, principalmente por vermos Satriani comandando muito bem tudo.

Tem menos de dois minutos, "Butterfly and Zebra" é tão sensível e bonita, que os olhos encheram de lágrimas quase instantaneamente. Outra bela faixa é "If There Is No Heaven", quando o final se aproxima, mas vemos um guitarrista ainda incansável para mostrar tudo que sabe. "Stars Race Across the Sky" e "Goodbye Supernova" finalizam o disco, com destaque para a última – incisiva, profunda e com toques de ópera – um ótimo encerramento para um trabalho muito acima da média entre os muitos instrumentais que surgem por aí.

Tracklist:

1 - "Shockwave Supernova"
2 - "Lost in a Memory"
3 - "Crazy Joey"
4 - "In My Pocket"
5 - "On Peregrine Wings"
6 - "Cataclysmic"
7 - "San Francisco Blue"
8 - "Keep on Movin'"
9 - "All of My Life"
10 - "A Phase I'm Going Through"
11 - "Scarborough Stomp"
12 - "Butterfly and Zebra"
13 - "If There Is No Heaven"
14 - "Stars Race Across the Sky"
15 - "Goodbye Supernova"

Nota: 4,5/5


Veja também:
Resenha: Ana Cañas – Tô Na Vida
Resenha: Wolf Alice – My Love Is Cool
Resenha: Mitchel Forman Trio - Puzzle
Resenha: Emicida – Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa
Resenha: EZTV – Calling Out
Resenha: Eno – From The Lower Earth And Ocean
Resenha: Buddy Guy – Born To Play Guitar