Discos para história: Badmotorfinger, do Soundgarden (1991)


A 66ª edição do Discos para história fala sobre um clássico do grunge: Badmotorfinger, do Soundgarden. Depois de Nevermind, do Nirvana, e de Ten, do Pearl Jam, talvez esse seja outro álbum importante para entender o movimento grunge. Aliás, não só para entendê-lo, mas perceber que três bandas do mesmo lugar não precisam fazer o mesmo tipo de som.

História do disco

O disco começa na demissão do baixista Hiro Yamamoto. Frustrado por não contribuir o suficiente com o Soundgarden, ele deixou a banda e retornou à faculdade. Ele foi substituído por Jason Everman, ex-Nirvana, também demitido pouco depois de uma turnê na Europa sob a alegação de que não trabalhava o suficiente nos ensaios.

Depois de procurar, Matt Cameron, Chris Cornell e Kim Thayil acertaram com Ben Shepherd. E assim ficou. Foi com esse line-up que Badmotorfinger foi gravado. Cornell gostou muito da inclusão de Shepherd, principalmente pelo lado participativo e criativo do novo baixista.

Se o Nirvana era a sujeira e o Pearl Jam era o rock clássico, o Soundgarden era o puro heavy metal. Ou quase isso. Dentre essa tríade do grunge, eles os que mais usaram a influência do metal em seu som. Mas diferente dos dois primeiros discos, a música é muito mais comercial – movimento parecido com seus contemporâneos. Gravado em três estúdios diferentes, Cornell optou por trabalhar com Terry Date, produtor de Louder Than Love, novamente. O vocalista alegou que, com ele, não havia pressão pelos resultados por conta da amizade de Date com o grupo.


A capa foi projetada para ser um ciclone mesmo, e a ideia foi do guitarrista Thayil. Quem fez o desenho? Mark Dancey, do Big Chief. Dos discos lançados em 1991, é um projeto bem reconhecível para quem é fã, principalmente pelo nome vermelho e grande do Soundgarden estampado no topo.

Lançado em 8 de outubro de 1991, o trabalho bateu o 39º lugar nas paradas, sendo muito elogiado pela crítica. Claro, o sucesso do disco do Nirvana colaborou para que outras bandas fossem descobertas, entre elas a de Cornell e Cia. Badmotorfinger encerrou 1992 como um dos mais vendidos daquele ano. Eles ganharam o Grammy de Melhor Performance de Metal de 1992.



Resenha de Badmotorfinger

O riff marcante de "Rusty Cage" é suficiente para colocar o Soundgarden como uma banda muito inventiva. Pela primeira vez, eles experimentaram gravar uma faixa assim, mais lenta, por ideia de Chris Cornell. Graças a um filtro que usaram, a melodia ficou assim, exatamente como conhecemos. Um ótimo single logo de cara. Em "Outshined", temos uma letra biográfica de Cornell sobre o motivo de ele não se considerar um herói por estar vivo ou qualquer coisa do tipo. É outra que tem um riff extremamente marcante, assim como muitas das mais conhecidas do heavy metal. Rapidamente ela virou outro single de sucesso saído de Badmotorfinger.



Retornando ao melhor estilo Soundgarden, "Slaves & Bulldozers" é pesada nos instrumentos, e Cornell não poupa sua voz em nenhum momento. Dá para perceber claramente a influência do heavy metal pelas pausas estratégicas na voz enquanto a melodia rola – o baixo dá o tom da canção, basicamente. A ótima "Jesus Christ Pose" é, basicamente, um questionamento sobre religiosidade. Talvez seja superficial falar sobre isso, já que a figura de Jesus como mártir é questionada. Escrita pelos quatro membros da banda, ela mostra união e precisão do trabalho deles. Uma das melhores da discografia.

A força retorna com tudo em "Face Pollution", que é bem punk se comparada com as quatro primeiras. Primeira de alguém que não é Cornell, "Somewhere" é do baixista Ben Shepherd, mostrando a qualidade de seu trabalho logo em sua estreia em estúdio. A longa parte instrumental, praticamente um refrão, é muito boa e acaba sendo a introdução de "Searching with My Good Eye Closed" e sua abertura (This is my good eye/ Do you hear a Cow?/ A Rooster says/ Here is a Pig/ The devil says) narrada por Damon Stewart. Ela soa uma homenagem a Andy Wood, vocalista do Mother Love Bone e amigo de Cornell, morto depois de uma overdose.



Com letra de Thayil e música do baterista Matt Cameron, "Room a Thousand Years Wide" foi lançada pela primeira vez em 1990 e regravada para Badmotorfinger já com a nova formação. A lentidão retorna em "Mind Riot", justo ela é a que mais grita: “ei, eu sou um filho do Black Sabbath”, enquanto "Drawing Flies" é um contraste por ser rápida, direta e bem ritmada.

As últimas canções, "Holy Water" e "New Damage", são praticamente jams sessions marcadas por uma habilidade incrível em manter o ritmo por mais de dez minutos – tempo de duração das duas. Aqui, o Soundgarden provava ao mundo que o metal serviu de base para o som deles e de como aproveitar isso em um dos melhores discos de 1991.



Ficha técnica

Tracklist:

1 - "Rusty Cage"
2 - "Outshined"
3 - "Slaves & Bulldozers"
4 - "Jesus Christ Pose"
5 - "Face Pollution"
6 - "Somewhere" (Ben Shepherd)
7 - "Searching with My Good Eye Closed"
8 - "Room a Thousand Years Wide" (Kim Thayil)
9 - "Mind Riot"
10 - "Drawing Flies"
11 - "Holy Water"
12 - "New Damage"

Todas as canções foram escritas por Chris Cornell, exceto as marcadas.

Gravadora: A&M
Produção: Terry Date e Soundgarden
Tempo: 57min42s

Matt Cameron: bateria
Chris Cornell: vocal e guitarra
Ben Shepherd: baixo
Kim Thayil: guitarra

Convidados:

Scott Granlund: saxofone em "Room a Thousand Years Wide" e "Drawing Flies"
Ernst Long: trompete em "Face Pollution", "Room a Thousand Years Wide" e “Drawing Flies"
Damon Stewart: narração em "Searching with My Good Eye Close”



Veja também:
Discos para história: Ten, do Pearl Jam (1991)
Discos para história: Nevermind, do Nirvana (1991)
Discos para história: Another Side of Bob Dylan, de Bob Dylan (1964)
Discos para história: All Things Must Pass, de George Harrison (1970)
Discos para história: Back in Black, do AC/DC (1980)
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