Discos para história: Back in Black, do AC/DC (1980)


Em homenagem a Malcolm Young, do AC/DC, nada melhor do que falar sobre o grupo no Discos para história da semana. A edição número 61 da seção fala sobre Back in Black, maior sucesso da banda. Uma tragédia antecipou planos e fez a banda correr atrás de um novo vocalista.

História do disco

Na onda do sucesso de Highway to Hell, o AC/DC não ficou muito tempo parado e já estava trabalhando em ideias para o futuro novo disco. No auge físico e técnico, os membros da banda viviam o melhor momento de suas carreiras agora que eram mais conhecidos pelo público. Porém a coisa mudou de figura no dia 19 de fevereiro de 1980.

Foi nesse dia que Bon Scott, vocalista da banda, morreu depois de passar mais uma noite bêbado. A diferença das outras é que, na fatídica noite, ele acabou dormindo e aspirou o próprio vômito, segundo o laudo final do hospital que fez a necropsia. Chegava ao fim uma era no AC/DC.

O encerramento das atividades do grupo foi cogitado entre os membros sobreviventes e a gravadora Atlantic estava disposta a apoiá-los qualquer fosse a decisão. Encorajados pela família de Scott, eles convocaram uma coletiva de imprensa para anunciar que seguiriam em frente e estavam procurando um vocalista substituto para gravar o novo disco.

Depois de semanas procurando, eles ficaram bem satisfeitos com o teste de um tal Brian Johnson, ex-vocalista da banda Geordie. Conversaram e se acertaram para começar as gravações o mais depressa possível. Ainda impactados pela morte do amigo, muitas das letras tem um tom pesado e, até certo ponto, amargo. Johnson chegou colocando a mão na massa e trabalhando duro também nas composições.


O estúdio Compass Point, nas Bahamas, foi escolhido como local de gravação, mas o AC/DC teve inúmeros problemas por lá. Falta de energia, tempestades constantes e os altos custos das gravações quase fizeram o trabalho inteiro ir para lata do lixo. Paciência e, às vezes, refazer o trabalho de um dia inteiro acabou sendo a chave para o maior sucesso do grupo.

A capa seria toda preta, sem nada escrito, mas a Atlantic não gostou e sugeriu que, ao menos, o nome do álbum e da banda estivesse na frente. Aprovada por todos, acabou sendo uma homenagem ao ex-vocalista. E também é uma das capas mais reconhecíveis da história do rock.

Back in Black foi um estouro de vendas e sucesso de críticas, e é o topo da carreira do AC/DC. É um dos melhores discos de todos os tempos, sem dúvida.



Resenha de Back in Black

O início com o sino em “Hells Bells” mostra uma banda completamente focada em fazer algo diferente logo de cara. Depois da introdução, os instrumentos vão entrando aos poucos até formar uma belíssima canção, ainda que bastante sombria. Aqui marca a estreia de Brian Johnson nos vocais, substituindo Bon Scott, assumindo uma imensa responsabilidade, mas mostrando que poderia fazer muito bem esse papel.

A ótima "Shoot to Thrill" dá sequência no trabalho e devolve o grupo ao hard rock dos álbuns anteriores. Aliás, é a canção que qualquer criança de 12 anos precisa ouvir. Certeza que ela vai gostar, ainda mais depois de saber que ela está na trilha sonora de Homem de Ferro 2, o super-herói do momento. Depois de duas canções com mais de dez minutos somadas, "What Do You Do for Money Honey" é simples e rasteira e está ainda mais dentro da discografia deles.

As letras do AC/DC são feitas para conquistar adolescentes cheios de hormônios para dar e vender. Por exemplo, em "Given the Dog a Bone", eles falam em She's no Mona Lisa/ She's no Playboy star/ But she'll send you to heaven/ Then explode you to Mars. Tem coisa mais para caras de 15, 16 anos do que isso? Aliás, uma teoria: você tem até essa idade para gostar da banda. Passou disso, você não gosta mais. A romântica – é isso mesmo – "Let Me Put My Love Into You" encerra o lado A do album com uma melodia pesada, semelhante ao início em “Hells Bells”.



O lado B começa com "Back in Black", mostrando que Scott seria um membro nunca esquecido. Apesar da melodia, ela é uma faixa muito triste por falar do luto, mas mostra que sempre é possível dar a volta por cima de qualquer tristeza e seguir em frente. Primeiro single do álbum, "You Shook Me All Night Long" também usa de metáforas para falar de sexo, além de ser feita para pular e cantar bem alto. Ela reaparece em no LP Who Made Who, de 1985.

Melodia e letras simples de "Have a Drink on Me" mostram exatamente o que é o grupo, o momento solo de Angus Young também mostra o motivo de ele ser um ídolo de muitos guitarristas iniciantes. O riff é matador, assim como a combinação dos vocais de apoio. O mesmo estilo é aplicado em "Shake a Leg", momento em que podemos perceber como eles funcionam como banda. Para fechar, uma dedicatória ao rock e a Scott, "Rock and Roll Ain't Noise Pollution" é uma ode a tudo de bom que o estilo musical trouxe.

Não deve ter sido fácil trabalhar nesse disco apenas três dias depois da morte do vocalista e uma das caras do grupo. Mas ao conseguir Brian Johnson e ser simples nas letras e melodias, o AC/DC conquistou uma nova legião de fãs com seu melhor disco. Eles não precisam fazer mais nada, o nome deles já está cravado na história do rock.



Ficha técnica

Tracklist:

Lado A

1 - "Hells Bells"
2 - "Shoot to Thrill"
3 - "What Do You Do for Money Honey"
4 - "Given the Dog a Bone"
5 - "Let Me Put My Love Into You"

Lado B

1 - "Back in Black"
2 - "You Shook Me All Night Long"
3 - "Have a Drink on Me"
4 - "Shake a Leg"
5 - "Rock and Roll Ain't Noise Pollution"

Todas as canções foram compostas por Angus Young, Malcolm Young e Brian Johnson.

Gravadora: Albert/Atlantic Records
Produção: Robert John "Mutt" Lange
Tempo: 42min11s

Brian Johnson: vocais
Angus Young: guitarra
Malcolm Young: guitarra e vocais de apoio
Cliff Williams: baixo e vocais de apoio
Phil Rudd: bateria



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