Crítica: Sigur Rós - Átta

Tempo é uma coisa fundamental para ser apreciada, gerenciada ou simplesmente esquecida. Para o Sigur Rós, o tempo ajudou a maturar canções ao longo de uma década, enquanto os integrantes estavam trabalhando em outros projetos. Por exemplo, o vocalista e principal compositor, Jónsi lançou dois discos solos, trabalhou com Alex Somers e Carl Michael von Hausswolff e gravou a trilha sonora do filme "Sem Remorso", em 2021.

Mas já era hora do Sigur Rós voltar às atividades. Primeiro, o trio, também formado por Georg Hólm e Kjartan Sveinsson, voltou com um projeto ousado: a trilha sonora orquestrada do poema "Odin's Raven Magic", escrito no século XIX, em colaboração com outros músicos islandeses, lançado em 2020. Só dois anos depois, com o retorno de Sveinsson após quase uma década fora da banda, eles começaram a trabalhar em "Átta", oitavo trabalho de estúdio — em islandês, "átta" significa literalmente "oito".

Veja também:
Duas críticas: Osees e Guided By Voices
Crítica: The Hives - The Death of Randy Fitzsimmons
Crítica: Neil Young - Chrome Dreams
Crítica: Miles Kane - One Man Band
Crítica: Swans - The Beggar
Duas críticas: Caroline Polachek e Julie Byrne

Estou no Twitter e no Instagram. Ouça o podcast, compre livros na Amazon e fortaleça o trabalho do blog!

A instrumental "Glóð" abre o trabalho de maneira melancólica e suave, uma pequena amostra de todo potencial das canções. Quando "Blóðberg", o "Átta" começa para valer para falar sobre como, mesmo no frio da Islândia, existe uma planta de tom rosa que cresce firme e exala um cheiro muito gostoso. É esse equilíbrio entre a natureza que ganha uma canção sóbria que cresce e se transforma em algo espetacular.

A sequência formada por "Skel" e "Klettur" mostra dois momentos diferentes o álbum. O primeiro, mais melancólico e ainda no ritmo das anteriores, enquanto o segundo coloca um ar mais dramático com ajuda do arranjo de cordas. O momento solene de "Mór" chega para preparar o ouvinte para "Andrá", de arranjo crescente e impressionante.

"Gold" experimenta um pouco mais, porém mantém o teor melancólico que permeia todo álbum, enquanto em "Ylur" é possível ouvir toda potência sentimental do Sigur Rós em uma faixa com quase seis minutos de duração que vale cada segundo. "Fall" prepara o ouvinte para os momentos finais na épica "8" e seus quase dez minutos de duração.

Um dos méritos de "Átta" está na parceria com o maestro Robert Ames, condutor da Orquestra Sinfônica de Londres, que ajudou no processo dos arranjos das músicas. Também é importante valorizar os momentos de silêncio, feitos para refletir sobre essas músicas tão profundas e tão cheias de detalhes. Isso posto, longe de ser o melhor trabalho do Sigur Rós, o álbum mostra como o velho trio continua afiado e pode, com mais tempo, melhorar ainda mais.

Tracklist:

1 - "Glóð"
2 - "Blóðberg"
3 - "Skel"
4 - "Klettur"
5 - "Mór"
6 - "Andrá"
7 - "Gold"
8 - "Ylur"
9 - "Fall"
10 - "8"

Avaliação: muito bom