Resenha: Sara Bareilles - Amidst the Chaos


O bonito "What's Inside: Songs from Waitress" (2015) colocou a cantora Sara Bareilles em um novo patamar na carreira. Se não foi um trabalho que fez sucesso a ponto de ela ser headliner do Coachella, ao menos mostrou a quem a acompanhava que ali havia puro talento para ser desabrochado. "Amidst the Chaos", lançado em 5 de abril, foi inspirado no atual momento dos Estados Unidos e em lutas de grupos sociais em busca de melhores condições na sociedade americana.

O trabalho abre com "Fire", faixa que fala sobre o fracasso de uma relação da cantora e como a expectativa pelo próximo, às vezes, é muito maior do que a realidade. Acústica, funciona muito bem por ter um tom agitado, mas melancólico. A segunda, "No Such Thing", é sobre o choque silencioso do fim de alguma coisa -- um relacionamento ou não. E a escolha dos instrumentos aqui conseguiu mesclar muito bem elementos comuns com um tom um pouco mais alternativo, dando algo muito agradável para ouvir.

Veja também:
Resenha: Snarky Puppy - Immigrance
Resenha: Panda Bear - Buoys
Resenha: Jenny Lewis - On The Line
Resenha: Andrew Bird - My Finest Work Yet
Resenha: American Football - American Football (LP3)
Resenha: Karen O & Danger Mouse - Lux Prima


Sendo uma apoiadora bem atuante do #metoo, a cantora também expressou sua luta em música. A grudenta "Armor" é um recado de união para todas as mulheres e também de como é importante elas votarem para impedir a acensão de alguém como Donald Trump na Casa Branca novamente. Lembrando o som feito pela Motown, "If I Can't Have You" é uma balada melancólica que explora o amor perdido. É dessas canções cheias de ritmo que usam o gingado misturado com um tom gospel que amarra tudo lindamente.

Se "Eyes on You" ela fala abertamente sobre ansiedade e depressão, e como essas duas condições andarão para sempre com ela, "Miss Simone" apresenta um paralelo entre a vida de Bareilles e as canções de Nina Simone, considerada a melhor cantora do século 20. Assim como Simone foi passando por estágios para desenvolver sua música, a cantora acredita que a vida dela passou por processos semelhantes. Depois vem a contagiante "Wicked Love", dessas letras escritas para cantar --até mesmo gritar -- junto.

"Orpheus" surge para derrubar qualquer um. Melancólica e emocionante, a canção é das mais bonitas lançadas neste ano. E "Poetry by Dead Men" surge como um desabafo da cantora escrito antes de estar com o atual namorado, de como ela o desejava tê-lo em sua vida. É um relato bem aberto e bonito sobre a vida pessoal.

Encaminhando para o final, "Someone Who Loves Me" fala sobre o amor encontrado, já "Saint Honesty" exalta a verdade com um andamento feito para ajudar nessa letra reflexiva. Última das 12, "A Safe Place to Land" conta com a participação de John Legend em uma canção que beira o religioso.

Mais uma vez, Sara Bareilles supera expectativas em um álbum ótimo do início ao fim. A cantora brincou que esse disco é sobre a falta que a família Obama faz na Casa Branca. Pode ser, mas há uma profundidade e uma beleza na escolha do repertório que eu duvido que seja só isso mesmo.

Tracklist:

1 - "Fire"
2 - "No Such Thing"
3 - "Armor"
4 - "If I Can't Have You"
5 - "Eyes on You"
6 - "Miss Simone"
7 - "Wicked Love"
8 - "Orpheus"
9 - "Poetry by Dead Men"
10 - "Someone Who Loves Me"
11 - "Saint Honesty"
12 - "A Safe Place to Land" (featuring John Legend)

Avaliação: ótimo




Siga o blog no Twitter e no Facebook e assine o canal no YouTube. Compre livros na Amazon e fortaleça o trabalho do blog!

Saiba como ajudar o blog a continuar existindo

Gostou do post? Compartilhe nas redes sociais e indique o blog aos amigos!

Continue no blog: