SoundCloud nunca esteve tão perto do fim


Problemas financeiros e trabalhistas na empresa foram divulgados nesta semana

Não é de hoje que o SoundCloud apresenta problemas financeiros, mas, segundo matéria publicada pelo 'TechCrunch' ontem (13), a plataforma de streaming executou 173 demissões em todo mundo – 40% de todos os funcionários – há poucos dias para tentar manter o fôlego financeiro até o início do quarto trimestre em 1º de outubro. Isso só aumenta a sangria financeira e de imagem que a empresa sofre nos últimos anos.

O último grande problema, além das demissões, foi o fato de Vojta Stavik ter conseguido um emprego no SoundCloud e ter se mudado para Berlim, cidade-sede da empresa, com o apoio do CEO Artem Fishman, mas acabou tendo seu contrato cancelado no último dia 7 – dez dias antes de o início oficial de seu trabalho. Stavik está processando a empresa para receber quatro semanas de salário do aviso-prévio de demissão previsto em contrato (leia aqui o texto em inglês sobre essa treta).

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Outro ponto discutível no artigo é a falta de comunicação clara sobre a saúde financeira da empresa aos funcionários. Muitas das novas contratações largaram empregos seguros para morar em Berlim e acabaram sendo demitidos nesse enorme corte. E segundo a apuração do 'Fact Mag', o CEO alegou que "congelar vagas de trabalho mostraria fraqueza ao mercado, impossibilitando novos possíveis investidores".

Os problemas financeiros do SoundCloud estão longe de qualquer simplicidade. Nos anos de 2015 e 2016, a empresa teve prejuízo de US$ 86 milhões (pouco mais de R$ 270 milhões). A última cartada foi o serviço por assinatura SoundCloud Go, um concorrente direto de Spotify, Google Play, Tidal, Deezer e outros serviços de streaming, porém a empresa não revela a base de assinantes e quanto consegue arrecadar. Isso acabou afastando alguns dos potenciais investidores, incluindo o Twitter e os concorrentes, que desejavam ter acesso à tecnologia desenvolvida ao longo dos anos.

Ou seja, além do perrengue financeiro recente, não há possibilidade de um aporte financeiro do nível que o Tidal recebeu neste ano da Sprint por 33% das ações, já que quem poderia fazer isso alega estar reforçando um concorrente – por menor que seja, concorrente é sempre concorrente em qualquer lugar.

Se o SoundCloud vai completar o ano fiscal de 2017 ainda é um mistério, mas é fato a necessidade urgente de um aporte financeiro grande para manter o serviço no ar. Caso contrário, o risco de fechar ou ser comprado por um preço muito abaixo do mercado é enorme. Essa novela se arrasta há algum tempo e pode ter um final neste ano. Resta saber se será escrito por Manoel Carlos ou por George R.R. Martin.

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