Ninguém percebeu, mas o CD está quase morto


Formato precisa de uma reinvenção se quiser sobreviver no futuro

Fui ao cinema, aproveitei para passar em uma livraria e ver o preço de algumas coisas que me interessavam. Entrei e me deparei com uma mudança significativa na disposição da loja: os CDs foram colocados em um canto, quase escondidos do resto. Confesso que fiquei em choque, mas meio que estava esperando por algo assim. Fui ver os preços e entendi o motivo.

Uma edição simples do último CD do Paul McCartney custa perto de R$ 40; idem para o último trabalho de inéditas de Eric Clapton. Nem vi o preço da edição tripla do disco mais recente do Metallica para não ter um troço. Não é de hoje que, com o aumento das vendas do vinil e das assinaturas dos serviços de streaming, o CD virou um artigo quase de luxo para quem não é um ferrenho colecionador.

Veja também:
Serviços de streaming, CDs e vinis
U2, iPhone e a inauguração de uma nova era no lançamento de discos
Se era impressão, agora é fato: CD virou vintage


Um dos problemas que percebo nisso é a queda do consumo do produto. E o que a loja faz? Sobe o preço. Entendo pouco do assunto, mas parece claro que não é a melhor estratégia pelo simples fato de um CD ser o preço de quase três meses de assinatura de um serviço de streaming. Quem é da nova geração acaba não comprando; quem é mais velho e tem mais poder aquisitivo opta por comprar um ou dois vinis por mês e ter o Spotify, por exemplo.

Ainda há o fato de o CD ser muito mal tratado por gravadoras e lojas. Hoje, não faz o menor sentido disponibilizar um trabalho físico exatamente igual ao que está na internet. Não sei se é fácil fazer isso, mas seria muito melhor disponibilizar uma versão simples na internet e outra, melhor trabalhada – incluindo faixas inéditas e um livrinho caprichado –, nas lojas por um preço acessível. Tem a hora de ganhar dinheiro e a hora de fidelizar o cliente. Está na hora do segundo, claramente.

O tempo é uma coisa muito maluca, principalmente agora. Lembro bem da explosão das vendas de CD no meio dos anos 1990 no Brasil – tinha uma loja em cada esquina, praticamente. Era uma loucura. Essa febre durou uns 20 anos, muito menos do que o vinil, e logo foi colocada de lado por conta dos downloads ilegais. Rapidamente vieram os serviços de streaming e despejaram outra pá de terra nesse formato físico. Para sobreviver, passou da hora de gravadoras e lojas oferecerem algo melhor por um preço mais justo ao consumidor final. O CD está praticamente morto, porque só falta alguém com coragem para desligar os aparelhos.

Gostou do post? Compartilhe nas redes sociais e indique o blog aos amigos!