Se era impressão, agora é fato: CD virou vintage


Recentemente, saiu um dado muito interessante: a venda do vinil gerou mais lucro que Vevo, YouTube e o serviço pago do Spotify juntos – US$ 222 milhões contra US$ 163 milhões do trio. Não deixa de ser um recorte interessante sobre a atual realidade do mercado da música que vem se sofrendo mudanças radicais em 15 anos, muito mais do que em seus primeiros 100 anos.

Antes de qualquer coisa, é possível pensar que o peso da chamada experiência tem parte fundamental nisso. Com os serviços de streaming (Spotify, Tidal, Apple Music, Google Play, Deezer, Rdio, iTunes e outros tantos), a música está, usando um chavão da década passada, a apenas um clique de distância. Então, é bem fácil ouvir qualquer nome de sua preferência rapidamente. Tudo isso interferiu bastante nas vendas de CDs, que tiveram uma queda de 52% em relação ao ano passado.

Quem viveu nos anos 1990, sabe bem o que foi o boom dessa mídia. Havia lojas e mais lojas vendendo CDs de todos os nomes possíveis. Nessa onda de colocar suas músicas em uma mídia que aguentava muitos arquivos, muitos cantores, cantoras e bandas lançaram trabalhos com 20, 22 até 25 músicas. A vantagem dela era ser menor que o vinil e mais fácil de carregar por aí, então o chamado bolachão perdeu força.

Muito tempo se passou desde esse momento, as coisas mudaram para todos nós em vários sentidos – as coisas ficaram melhores em muitos aspectos da nossa sociedade. A música online ganhou força pela facilidade, mas boa parte dos usuários ainda gosta de ter algo físico. E aí que a volta do vinil faz muito sentido no mundo em que vivemos atualmente.

Com disponibilidade de ter qualquer arquivo na nuvem, em pen drives, em mídias gravadas e em streaming, o CD perdeu a função de ser a alternativa mais fácil ao vinil. Há muito mais opções para levar a música de um lado para o outro. E quem gosta de ter alguma coisa física, optou pelo vinil. É maior, mais bonito, o encarte é melhor para ler, enfim, tem uma série de vantagens – apesar de o preço ainda ser um pouco salgado.

Dando um olhar do público médio, aquele que pega qualquer facilidade e se adéqua rapidamente a ela, o CD está ficando cada vez mais desnecessário. Primeiro pelo preço, geralmente um mês de assinatura de qualquer serviço para ouvir música online. Segundo, perdeu utilidade. Com a facilidade de, por exemplo, plugar um pen drive nos aparelhos de som mais modernos ou de ir ao YouTube e digitar o nome da música para ouvi-la quase no mesmo instante, essa mídia física perdeu espaço nas prateleiras das casas e nos carros.

Esse dado recente mostra que a volta do vinil será mais uma alternativa para ganhar dinheiro na disputa entre artistas e serviços de streaming. E para quem é colecionador, o vinil é bem mais bonito e interessante de se ter, mesmo com o trabalho de manutenção em mantê-lo reto e limpo; para quem só gosta de ouvir um som no ônibus e/ou no trabalho, é muito mais prático ter o arquivo MP3 no celular ou assinar algum plano que case com sua realidade financeira (ou ainda usar o rádio mesmo, disponível em quase todos os celulares). É bem cedo para falar que o CD morrerá, porque muita gente ainda deseja tê-lo em casa. Mas, olhando o mercado atual e a mudança do perfil do público, parece que o CD será o vinil dos anos 2000.

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