Serviços de streaming, CDs e vinis


Depois de alguns meses, finalmente o Spotify chegou ao Brasil fazendo estardalhaço nas redes sociais. Agora, ao lado do Rdio e do Deezer, chega para fazer frente com tudo que já existia antes – CDs, vinis, iTunes e os downloads ilegais. Aliás, sobre o último, certamente o número deve diminuir para quase zero.

Com todos esses recursos para ouvir música, obter discos e música de forma ilegal até pega mal nos tempos atuais. Lembro no início dos anos 2000, quando tive computador pela primeira vez, era muito comum um amigo pedir um disco gravado com As Sete Melhores da Pan ou o disco inteiro daquela banda que havia lançado clipe na MTV na última semana.

Spotify, Rdio e Deezer disponibilizam tudo de graça. Quer dizer, de graça não, porque eles trabalham com propagandas nos intervalos de algumas faixas. Mesmo assim, ainda vale a pena acessar o serviço de sua preferência pelo modo que desejar – iPad, iPod, iPhone, smartphone, tablet ou computador. Como esse leque de opções, a grande questão é: e o formato físico, como fica?

O CD surgiu no início dos anos 1980 nos Estados Unidos e era o último quesito em modernidade naquela época. Formato menor, mais leve e com maior capacidade, não à toa houve discos com 19, 20, 25 faixas entre os anos 1990 e início dos anos 2000. Enquanto isso, o vinil seguia minguando, pelo menos no mercado brasileiro. Recentemente, o bolachão voltou com tudo e há uma incrível demanda por esse tipo de formato maior e mais bonito. E se existe toda essa facilidade para ouvir música na internet, o CD corre sério risco de ir pelo caminho que um dia foi do vinil por estas bandas. Se não o fim, pelo menos da diminuição maciça do número de vendas.

As grandes gravadoras já contam as compras no formato digital em suas estatísticas de vendas e, se antes era separado, agora tudo é somada na hora de dar um Disco de Ouro ou outra bobagem qualquer. O CD perdeu a graça com o passar dos anos e vem perdendo espaço para o vinil. Por que raios comprar uma coisa pequena e sem graça se posso ter um formato maior, mais bonito e mais agradável de ser ouvir (com o adendo de que o equipamento para ouvir vinil está barateando) ou ainda se posso ter tudo na mídia que quiser em questão se segundos? Quem diria que a tecnologia chegaria para matar... o CD.

Minha coleção de CDs é fraca, admito. Devo ter uns 100, de acordo com a última contagem. Há tempos não compro um no formato simples, porque não vale a pena. É muito mais fácil ir na Deezer, Rdio ou Spotify, dar play e ouvir a última novidade do mês, da semana ou até mesmo do dia. Muitos músicos, nacionais e internacionais, têm optado por lançar o trabalho primeiro no formato digital e, apenas semanas depois, no formato físico. Pelo andar das coisas, não será difícil ver que as prensagens dos CDs diminuirão cada vez mais, e apostar no vinil será uma grande sacada. Ter um vinil em casa, com todo cuidado e limpeza, é a coisa mais linda do mundo.

O CD já teve seu valor, mas hoje não passa de uma megalomania ter uma coleção dessa. Você que tem uma, um conselho: venda tudo e aposte no vinil. E abra uma conta no serviço de streaming de sua preferência. Sua prateleira ficará mais bonita com os vinis, você não precisará baixar nada (até diminuirá o uso da memória de seu computador) e ainda terá música de qualidade e um catálogo incrível por R$ 20, R$ 30 por mês. Não terei a ousadia de cravar o fim do CD, mas esse formato atual não compensa. Talvez as gravadoras e distribuidoras devam apostar em CDs duplos (CD + DVD ou dois CDs, sendo um deles com as demos) por um preço melhor, e isso pode ajudar nas vendas. Mas, se continuar assim, a fonte pode secar ao melhor estilo Cantareira.

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