Documentário: Eight Days a Week – The Touring Years, de Ron Howard (2016)


Longa conta a história de quando os Beatles faziam turnês pelo mundo 

A história dos Beatles já foi contada em livros, documentários, trabalhos acadêmicos e existe uma diversidade incrível de material sobre a banda. Mas é sempre animador quando os dois ex-membros ainda vivos, Paul McCartney e Ringo Starr, e o espólio de John Lennon e George Harrison disponibilizam imagens, tempo e dinheiro para dar a visão de quem viveu toda aquela loucura.

Em Eight Days a Week – The Touring Years, documentário dirigido pelo renomado diretor Ron Howard, traz a colaboração de todos eles e um alto investimento. O resultado? Um longa cheio de ótimas imagens de arquivo, em fotos e vídeos, uma edição primorosa, detalhes então desconhecidos, depoimentos inéditos de McCartney e Starr, e um ótimo recorte para contar uma história envolvendo o Fab Four. É como se pegassem o Anthology (1996), tirassem um pedaço e ampliassem em um filme com quase duas horas de duração.

É necessário entender o contexto da época. Sem equipamento adequado, eles inauguraram a era de tocar em estádios. O recorte do documentário é esse: o processo de como eles saíram do Cavern Club, em Liverpool, passaram pelas pocilgas em Hamburgo até a consagração na histórica apresentação no Shea Stadium.

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Muito do contados é conhecido, mas ganha novos ares pelos depoimentos de personagens secundários. Por exemplo, o jornalista Larry Kane, então cobrindo política e atualidades, foi destacado para cobrir uma das turnês da banda nos Estados Unidos. E ele viu duas coisas fundamentais para entendê-los. A primeira é a frase "eles são sem precedentes", dita em um boletim para a rádio em que trabalhava. A segunda é o caos que as cidades viravam quando recebiam o grupo. Os policiais não estavam preparados para o alvoroço, então veio a ideia de tocar em estádios. Era melhor colocar 50 mil pessoas dentro de um lugar maior do que cuidar delas do lado de fora, assim evitando problemas. Um pedido que mudou a história da música.

O longa também mostra a união da banda em vários assuntos, com destaque quando eles colocaram em contrato que eram contra a segregação em seus shows no sul dos Estados Unidos. O país viveu um momento tenso entre o início e o fim dos anos 1960 em vários aspectos, mas os quatro foram irredutíveis no assunto – inclusive em entrevistas. Porém tudo estava ficando muito cansativo. E os quatro garotos de Liverpool foram ótimos, até que chegaram no limite e pararam com os shows. Eles eram prisioneiros da própria fama.

Harrison e Lennon foram os primeiros a se colocar contra a insanidade das turnês, e Starr concordou com eles. McCartney foi contra no início, mas acabou concordando. Tudo estava ficando muito protocolar, chato e cansativo. O último show para um público pagante aconteceu em 29 de agosto de 1966, em São Francisco.

O fim das apresentações deu eles tempo para colocar toda criatividade e evolução musical no estúdio. Concentrados e focados em uma só coisa, eles mostraram que eram músicos extremamente talentosos. Esse tempo serviu para fazer uma história sem precedentes na música. História que começou quando eles iam de van de um lado para outro.



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