Prêmio Multishow, superjúri e a bolha de cada um


Evento aconteceu na noite de ontem (25) no Rio de Janeiro

Aconteceu a nova edição do Prêmio Multishow na noite de ontem. Como vem sendo praxe nos últimos anos, houve a votação popular e o superjúri, formado por críticos e membros da indústria fonográfica. O debate transmitido pelo Canal Bis foi muito interessante mais uma vez, mostrando que os convidados têm bastante conhecimento sobre os nomes tratados ali. Mas uma coisa chamou a atenção, muito mais do que nos outros anos: a distância entre o que faz sucesso e a crítica ainda é muito grande.

A votação é aberta, então os fã-clubes podem fazer a festa. E a internet é craque em aglutinar fãs dos mais diversos tipos, criando uma massa incrível de vigias de determinado assunto ou artista. Os vencedores na categoria popular foram Ivete Sangalo, Luan Santana, Henrique e Juliano, Anitta, Jota Quest, Wesley Safadão e Simone e Simaria. Tudo que fez sucesso nos últimos dois anos ou menos está aí, tirando a veterana Ivete Sangalo.

Veja também:
Resenha: Mahmundi – Mahmundi
Resenha: BaianaSystem – Duas Cidades
Resenha: Céu – Tropix
Resenha: Elza Soares – A Mulher do Fim do Mundo

Do outro lado, está o superjúri. Eles deram a quatro prêmios a Céu, mas Liniker e os Caramelows, Elza Soares e BaianaSystem levaram os principais. Percebem a discrepância entre os dois lados da mesma premiação? Quem estava vendo, talvez, saiba quem é Elza Soares. Mas e o resto? Apesar do sucesso e dos comentários feitos sobre Liniker e BaianaSystem nesse ano, é improvável que o alcance deles tenha sido grande o suficiente para o grande público saber quem eles são.

A música independente brasileira está passando por um momento muito bom de uns anos para cá, principalmente pela força da internet – a mesma que celebra Anitta e Wesley Safadão. Isso só mostra como estamos vivendo um período interessante no mundo. Porque ao mesmo tempo em que eu sei quem são os vencedores que o superjúri debateu, não faço a menor ideia de quem é dupla formada por Simone e Simaria. Ainda há a pessoa que não sabe quem, nem se interessa em saber, são esses nomes e prefere montar playlists com bandas que lançaram discos até 1979.

Cada vez mais estamos vivendo em bolhas na internet e até transportando para nossas vidas offline. Quando percebemos, um novo sucesso estrondoso aparece sem termos ideia de onde surgiu. E sempre vem as mesmas questões: "onde eu estava que não vi isso?". Muito provavelmente, estávamos ouvindo ou vendo aquela pessoa que descobrimos meses atrás ou procurando outro nome depois de ter enjoado do anterior.

Única premiação de música brasileira com alguma pompa, o Prêmio Multishow acaba sendo um reflexo de dois momentos da cena brasileira. De um lado, os fãs fiéis não se furtam em passar horas a fio para colocar seu artista favorito na premiação e mostrar a força de um fã-clube, ainda que a qualidade musical seja discutível. Do outro, a cena independente está cada vez mais forte, e o superjúri mostrou isso. A bolha em que cada um vive reflete bem os resultados.

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