Sem dúvida alguma, Tulipa Ruiz é uma das ótimas cantoras dessa nova safra que apareceu na música brasileira nos últimos seis, sete anos. A estreia solo, em Efêmera (2010), mostrava uma cantora, se não pronta, em um estágio muito melhor do que a maioria quando surge. A consolidação veio em Tudo Tanto (2012). Mesmo um pouco abaixo da estreia, ela conseguiu se colocar em um lugar interessante na prateleira da música brasileira.
Depois de um EP e um projeto de remix, Tulipa retornou aos trabalhos de inédita em estúdio com Dancê, em nova parceria com o projeto Natura Musical. Ao longo de algumas semanas, a cantora soltou dois singles (“Virou” e “Proporcional”). E o disco cheio apareceu no início desta semana nas plataformas de streaming.
Tulipa traz muito do que fez nos seus dois primeiros discos em "Prumo", só que, nesse caso, a faixa é bem mais dançante e dá indício do que vem pela frente. O arranjo de metais de "Proporcional" e a boa letra formam uma canção com potencial gigantesco para tocar nas rádios futuramente, principalmente por aliar uma pegada de dança e pop.
A participação de João Donato em "Tafetá" dá um tom bem bossa nova à canção, sendo a mescla das duas vozes algo muito bom de ouvir. Uma pena que "Elixir" não mantém o ritmo – do início da melodia até a letra, nada faz muito sentido –, sendo uma das mais chatas que Tulipa já cantou em sua discografia, e "Reclame" é tão comum e banal que poderia ter ficado de fora.
Caso fosse mais curta, "Expirou" era outra com bom potencial de ir além do disco, mas começa a ficar maçante na metade e só pior na parte final, quando a cantora enche de floreios desnecessários para preencher o espaço. Uma pena que tanto potencial tenha sido jogado no lixo. Tudo volta ao normal na, digamos, pesada "Jogo do Contente", enquanto "Virou" retorna com o jeitão pop (aqui tem a participação de Felipe Cordeiro).
Se "Físico" é aquele tipo de canção romântico-dançante que pode até funcionar ao vivo, mas a seguinte, "Oldboy", é o que todos desejam ouvir de Tulipa: uma faixa leve, um bom conjunto de cordas e uma bela banda de apoio – só não precisava de tantos floreios. O tom épico marca "Algo Maior", última música do registro, canção que também peca pelo excesso.
Dancê tem boas canções, mas peca muito pela irregularidade. Não há problema algum Tulipa Ruiz querer fazer um trabalho mais dançante e animado, mas o excesso de coisas e o tamanho de algumas canções deixaram o disco maçante em alguns momentos. É o típico disco que pode funcionar melhor ao vivo do que no estúdio.
Tracklist:
1 - "Prumo"
2 - "Proporcional"
3 - "Tafetá"
4 - "Elixir"
5 - "Reclame"
6 - "Expirou"
7 - "Jogo do Contente"
8 - "Virou"
9 - "Físico"
10 - "Oldboy"
11 - "Algo Maior"
Nota: 2,5/5
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