Resenha: Pélico – Euforia


Pélico apareceu, ao menos pelo que me lembro, com Que Isso Fique Entre Nós, de 2011, e acabou sendo uma das revelações daquele ano – ele já tinha lançado O Último Dia de Um Homem Sem Juízo três anos antes. E ele estava tão sumido, que um pensamento veio na minha cabeça esses dias: “por onde anda o Pélico?”.

Nesse período em que ficou sem lançar material próprio, ele trabalhou como produtor e participou de um ou outro álbum como convidado, mas seu retorno na carreira solo se dá com Euforia, o terceiro disco de estúdio dele. Começando com o pop de "Sobrenatural", faixa simples musicalmente que fala de tudo que compõe um relacionamento amoroso.

Bom refrão e pegada leve formam "Olha Só", mantendo o ritmo mais pop e suave do disco, bem diferente da música seguinte ("Sozinhar-me"), quase um axé menos dançante do que habitualmente conhecemos. E tudo muda de figura novamente em "Escrevo", uma balada romântica dessas com todas as pieguices amorosas de uma canção desse tipo – a melodia dela é belíssima.

"Overdose" gruda na sua cabeça porque Pélico conseguiu aliar muito bem letra e melodia, funcionando como uma coisa só. Não esperava encontrar um samba, principalmente neste álbum, e "Você Pensa Que Me Engana" consegue cumprir bem seu papel por ser simples, sem rodeios e ainda resgatar um pouco desse ritmo tão brasileiro e tão judiado ultimamente, já "O Meu Amor Mora no Rio" retorna a leveza anterior e mostra que é possível fazer uma boa canção com pouca coisa.

Rafael Castro e Pélico dividem o vocal de "Ela Me Dá", outra da série que gruda na cabeça por ter um refrão bem simples. Porém a melhor do disco inteiro é "Vaidoso", música mais sombria, cheia de efeitos ao fundo e mais triste, tratando do sofrimento que é “amar de mais”. Depois de tudo isso, não deixa de ser uma pena "Euforia" ser tão fraca e sem graça. A faixa-título merecia um pouco mais.

O ar clássico de "Meu Amigo Zé" contrasta com boa parte do trabalho, pois é apenas voz e cello, e "Repousar" retorna a pegada mais tranquila do início – as participações de Letícia Spiller e Carú Ricardo ajudam a dar outro ar à faixa. Euforia acaba com a acústica "Calado" (na verdade, acaba mesmo com a versão acústica de “Euforia”).

De maneira geral é um bom disco. Poderia ser melhor um pouco? Sim, poderia. Gostei muito de ouvir um samba misturado com as canções, que variaram bem entre algo mais pop e animado e algo mais sombrio e triste. Dos trabalhos nacionais que ouvi neste ano, é um dos melhores.

Tracklist:

1 - "Sobrenatural"
2 - "Olha Só"
3 - "Sozinhar-me"
4 - "Escrevo"
5 - "Overdose"
6 - "Você Pensa Que Me Engana"
7 - "O Meu Amor Mora no Rio"
8 - "Ela Me Dá"
9 - "Vaidoso"
10 - "Euforia"
11 - "Meu Amigo Zé"
12 - "Repousar"
13 - "Calado"
14 - "Euforia" (Acústico)

Nota: 3,5/5


Veja também:
Resenha: Zac Brown Band - Jekyll + Hyde
Resenha: Kyle Eastwood – Timepieces
Resenha: Blur – The Magic Whip
Resenha: Maná - Cama Incendiada
Resenha: Gang of Four – What Happens Next
Resenha: Tom Cochrane – Take It Home
Resenha: Snarky Puppy - Sylva

Siga o blog no Twitter, Facebook, Instagram, no G+, no no Tumblr e no YouTube

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais!