Resenha: Faith No More – Sol Invictus


Quase 20 anos sem nenhum trabalho de inéditas é um bocado de tempo, ainda mais se tratando do Faith No More, que dispensa apresentações. Nos últimos tempos, os membros da banda estiveram envolvidos em outros projetos musicais até 2009, quando a banda retornou suas atividades em definitivo – incluindo um show no finado SWU em Paulínia, interior de São Paulo.

Ao anunciar o lançamento de Sol Invictus, sétimo disco de estúdio, os fãs entraram em polvorosa e ficaram ainda mais quando um show deles na edição deste ano do Rock in Rio foi confirmado, mostrando que eles ainda estão com tudo no cenário internacional de shows.

O novo álbum começa com a faixa-título, canção curta, sombria e de muito apelo para quem gosta da fase mais sombria do Faith No More. O toque épico aliado com um estilo mais clássico dá um refinamento interessante, já "Superhero" é aquela paulada que todos esperam e desejam do grupo – vocais gritados, instrumentos tocados com força e um refrão épico, aliados, formam um combo quase imbatível. E como em muitas músicas do metal, há uma longa parte instrumental feita para o ouvinte não tirar o foco.

Mike Patton mostra uma forma vocal absurda em "Sunny Side Up", em que canta muito bem, e isso mostra o motivo de ele ser um dos grandes vocalistas da atualidade e um dos grandes de seu tempo. Fora isso, a canção não apresenta muita coisa que chame atenção, bem diferente da agoniante e macabra "Separation Anxiety". A bateria, meio em ritmo de filme de suspense, se alia ao vocal quase sussurrado, mas isso vira na metade final, quando ele fica mais pesada e recheada de solos.

Os 40 segundos de introdução até o início de "Cone of Shame" chamam a atenção, principalmente pela bateria militar e pelo tipo de entonação vocal escolhida por Patton, algo mais sóbrio e sereno. Depois ele muda para algo que lembra o estilo de Lou Reed, algo mais falado, perto de declamar a letra. E ainda há outra mudança para algo mais gritado e mais próximo do estilo do Faith No More, e esse último estilo se repete em "Rise of the Fall" e sua pegada mais sombria.

Uma que funcionará muito bem ao vivo é "Black Friday", ótima para colocar o público para pular e suar um pouco durante os shows – o refrão é muito bom. Primeiro single, "Motherfucker" fala sobre o atual momento do grupo, responsáveis por tudo (desde a produção até a distribuição do álbum). Mais longa, "Matador" tem no vocal épico força suficiente para ser uma bela canção, enquanto "From the Dead" encerra e amarra o trabalho de maneira a deixar tudo bem.

É um disco, para usar uma expressão, camaleônico. Esse novo registro do grupo parece uma mistura de tudo que eles fizeram nos anos fora do Faith No More, porque são vários elementos diferentes unidos em uma coisa só. E tudo isso funciona bem. Não é espetacular, mas é bom saber que eles ainda têm fôlego para mais um bom álbum.

Tracklist:

1 - "Sol Invictus"
2 - "Superhero"
3 - "Sunny Side Up"
4 - "Separation Anxiety"
5 - "Cone of Shame"
6 - "Rise of the Fall"
7 - "Black Friday"
8 - "Motherfucker"
9 - "Matador"
10 - "From the Dead"

Nota: 3,5/5


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