Serviço de streaming de Jay Z, Tidal é incentivo à pirataria


Já que está todo mundo comentando o tal do Tidal, também irei dar meu pitaco. Para quem não sabe, esse é o nome do serviço de streaming liderado por Jay Z e apoiado por uma penca de músicos – a maioria estava lá, ao vivo, assinando o contrato e falando de como será maravilhoso essa nova plataforma de serviço musical.

Será mesmo?

De cara, o preço já é um problema. US$ 19,90 pelo pacote de melhor qualidade, que promete música em até 1411 kbps, número quase quatro vezes superior ao oferecido pelo Spotify (aliás, falei do serviço aqui, aqui e aqui). Mas quem assinou garante que, pela primeira vez, “os músicos estão no controle”. De fato, com o elenco estrelado de ontem, há gente de peso e disposta a investir pesado nisso.

E assim como fiz com o Pono, serviço lançado por Neil Young no começo deste ano, a grande questão é: tem público para isso? Porque o público comum, que deseja apenas ouvir sua música no ônibus, em casa ou enquanto faz alguma outra coisa, não trocará um serviço mais barato por algo mais muito mais caro. E se 5% dos fãs de cada banda/músico/cantora entrar na dança, será uma vitória e tanto para eles.

“Ah, Fagner, quanto pessimismo! E os lançamentos exclusivos desse pessoal no Tidal?”

Chegamos ao ponto central deste post. Um serviço caro, geralmente, espanta quem não deseja gastar muito, certo? Tem o Pono, melhor e mais caro, mas tem o YouTube, Spotify, o Deezer e o Rdio, com sua qualidade inferior, mais baratos (sendo o primeiro inteiramente gratuito) e que atendem as necessidades da maioria das pessoas. O que acontecerá em um lançamento exclusivo? Em minutos estará disponível no Mundo Torrent para deleite de quem não pode assinar.

Ou seja, basicamente o Tidal, olhando neste primeiro momento, está dando ainda mais armas para quem pirateia vídeos, discos e todas essas coisas. No mundo atual, em que um disco que sai exclusivo no Soundcloud e em minutos está no New Album Releases, quem deseja piratear alguma coisa o fará sem remorso algum. E quem não pode pagar e deseja ouvir qualquer coisa de seu músico favorito, saberá a quem recorrer quando houver um lançamento exclusivo por lá.

Por isso, em comparação, a proposta do Pono é muito mais interessante. Young quer atrair quem é aficionado por música, aquele cara que deseja ter tudo na mais alta qualidade por querer ouvir cada milímetro da música. O Tidal parece mais um movimento de gente insatisfeita com os serviços de streaming e deseja ter o controle de tudo. Isso é muito legítimo, mas também parece um movimento de gente que ganha milhões e, não satisfeita com isso, quer ganhar ainda mais. Ruim está para aquele cara pequeno, que ganha os mesmos parcos centavos de quem toca sua música milhões de vezes por dia.

É muito satisfatório ver os artistas tomando o controle de suas obras, mas eles olharam apenas para seus bolsos, não a questão da remuneração do Spotify, da pirataria, de quanto o público pode/quer pagar, enfim, da conjuntura de todos os fatores. Também é muito importante que eles sejam remunerados por suas músicas. O grande problema, falando como consumidor, quem será o camarada disposto a pagar tão caro em um serviço. Com o perdão disso, mas é um enorme incentivo à pirataria. Parece que estamos em 2000 e falando do Napster.

O Judão e a Collectors Room também falaram sobre o assunto.

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