Resenha: Melvins – Hold It In


Há mais de 30 anos que o Melvins faz sua música. Chegou ao mainstream? Não, mas isso não faz a menor diferença. Entre o experimental e o metal, o grupo já lançou 19 álbuns e nunca pararam – ou entraram nessa coisa patética de hiato. Talvez, por isso, muitos vejam o vocalista Buzz Osborne como o cara do cabelo esquisito. Mas ele é uma das grandes mentes da música e influenciou diversas bandas, como Nirvana, The Offspring, Faith No More, Fantômas e tantas outras.

Por não parar, claro que veio disco novo neste ano. Depois do bom Tres Cabrones, que trouxe quase a formação original da banda, Osborne trouxe o novo Melvins para gravar Hold It In.

O peso do Melvins aparece logo na primeira faixa. "Bride of Crankenstein" mostra um grupo ainda inspirado, nada previsível e pronto para continuar por aí por mais 50 anos, se possível. Já a balada "You Can Make Me Wait" pode não agradar ouvidos mais sensíveis, mas é muito boa para quem gosta de música alternativa de qualidade (oi).

"Brass Cupcake" é o que o Melvins entende por música pop. Não, você não leu errado. Eles realmente acham que a música que toca nas rádios deveria ser assim. A psicodélica "Barcelonian Horseshoe Pit" mistura sonoridades, camadas, improviso e muitas coisas em uma das canções mais alternativas do ano. Perto dela, "Onions Make the Milk Taste Bad", a faixa que vem logo na sequência, parece Fábio Júnior cantando a música que inferniza o dia dos pais.

O barulho à Melvins retorna em na dançante, muito agitada e excelente "Eyes on You" – o riff de guitarra distorcido é fascinante, diria o poeta. Em "Sesame Street Meat", Buzz mostra que o peso de uma canção depende muito da atuação da banda em conjunto, e isso é mostrado com maestria. Que letra, amigos. A seção de improviso de "Nine Yards", liderada por JD Pinkus, é fenomenal. Nada supera a sujeira de um punk recheado de peso.

Com mais de sete minutos, "The Bunk Up" tem uma gama de influências. Desde as cantigas inglesas até o punk passando pelo experimental e pelo improviso. Talvez a mais pop de todo álbum, "I Get Along (Hollow Moon)" antecede a boa e leve, vamos dizer assim, "Piss Pisstopherson". E uma jam de mais de 12 minutos, chamada "House of Gasoline", encerra o trabalho.

Que disco, que disco! Exatamente o que espero do Melvins. É para ouvir no volume máximo todos os dias até o final do ano.

Tracklist:

1 - "Bride of Crankenstein"
2 - "You Can Make Me Wait"
3 - "Brass Cupcake"
4 - "Barcelonian Horseshoe Pit"
5 - "Onions Make the Milk Taste Bad"
6 - "Eyes on You"
7 - "Sesame Street Meat"
8 - "Nine Yards"
9 - "The Bunk Up"
10 - "I Get Along (Hollow Moon)"
11 - "Piss Pisstopherson"
12 - "House of Gasoline"

Nota: 4/5



Veja também:
Resenha: Mark Lanegan Band – Phantom Radio
Resenha: Thurston Moore – The Best Day
Resenha: Thom Yorke – Tomorrow’s Modern Boxes
Resenha: Cachorro Grande – Costa do Marfim
Resenha: Julian Casablancas + The Voidz – Tyranny
Resenha: The New Pornographers - Brill Bruisers




Siga o blog no Twitter, Facebook, Instagram, no G+ e no YouTube

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais!

Comentários