No penúltimo capítulo da série com álbuns brasileiros no Discos para história, o álbum lançado em 1980 por Rita Lee, que leva o nome da cantora, será destrinchado neste espaço. Ele foi o ápice da carreira da ex-Mutante.
História do disco
Após sair dos Mutantes em 1972, Rita Lee caiu na carreira solo e conseguiu bastante sucesso com os singles “Agora só Falta Você” e “Ovelha Negra”, ambos do disco Fruto Proibido, de 1975. Mas muita coisa aconteceu na carreira dela nesse período, incluindo uma prisão domiciliar por porte de drogas e precisando de permissão legal para fazer shows pelo país.
Para passar pelos problemas, nada melhor do que fazer música. E Lee continuou fazer isso com maestria. E se ela não conseguiu repetir o grande sucesso de antes, pelo menos conseguia ficar nas paradas de sucesso com algumas canções que fizeram muito sucesso antes dos 1980 - “Agora é Moda”, “Eu & Meu Gato” e “Miss Brasil 2000″ são alguns deles.
Veja também:
Discos para história: As Aventuras da Blitz, da Blitz (1982)
Discos para história: O Passo do Lui, dos Paralamas do Sucesso (1984)
Discos para história: Cabeça Dinossauro, dos Titãs (1986)
Discos para história: Ideologia, de Cazuza (1988)
Discos para história: Eliminator, do ZZ Top (1983)
Discos para história: Tommy, do Who (1969)
Percorrendo o Brasil com a banda Tutti Frutti, as brigas internas acabaram por colocar ponto final na banda de apoio da cantora. Mas há males que vem para o bem. Muito antes da parceria que colocaria a cantora de vez nas rádios nacionais, Rita Lee já estava com Roberto de Carvalho e passou por tudo que passou com ele, mas a dupla só trabalharia junto, digamos, oficialmente em 1979. Era o passo que faltava para o sucesso.
Com o disco chamado Rita Lee, conhecido como Mania de Você, os dois conseguiram aliar o rock com um pop feito para tocar nas rádios. Como consequência disso, a dupla atingiu muito mais pessoas e começou a fazer sucesso na TV, grande meio de comunicação daquela época, com faixas como “Doce Vampiro”, “Chega Mais”, “Papai Me Empresta o Carro” e “Corre-Corre”.
A grande aposta era que esse sucesso não iria durar muito, mas enganou-se quem apostou que haveria declínio na carreira de Rita Lee ao apostar em canções mais populares. Em 1980 veio o auge da cantora: com o álbum também intitulado Rita Lee, mas conhecido como Lança Perfume, ela conseguiu se colocar como principal estrela do rock nacional naquele período.
Com 800 mil cópias vendidas, o disco chegou aos mercados da América Latina e do Norte e na Europa com extremo sucesso, sendo o resultado mais significante na França ao ficar dois meses na primeira colocação. Foi assim que Rita Lee deixou de vez a pecha de ex-Mutante para ser apenas Rita Lee. E foi assim que ela fez algumas das melhores canções do pop nacional dos últimos 40 anos.
Resenha de Rita Lee (Lança Perfume)
Os motivos para “Lança Perfume” virar um clássico é que ela dialoga com um público diferente de quem gosta de rock. E falar de amor e posições sexuais não sendo direta sempre agradou à classe brasileira mais conservadora, por isso o sucesso dessa faixa é algo que não deveria surpreender – o refrão fácil e a melodia também ajudam.
O roquinho “Bem-Me-Quer” também é outro sucesso de Rita Lee e é bem animado, e ele entra naquelas canções pop bem fáceis por tudo que já foi dito da anterior, e por saber usar bem todos os elementos da melodia para envolver o ouvinte a bater o pé sem nem perceber. Ter um hit já é difícil, mas três não é para qualquer um. Ou qualquer uma, no caso. “Baila Comigo” ainda embala muitas festas e baladas por aí, e não é de graça que Rita Lee ganhou a alcunha de rainha do rock nacional. Mas ela é muito mais que isso, ela é brilhante na interpretação, além de ter uma produção impecável.
Depois de um início arrasador, a suave “Shangrilá” baixa a rotação e coloca o ouvinte para curtir uma boa canção. Voltando aos hits de Rita Lee, “Caso Sério” foi regravada por vários outros artistas, mas nenhum chega aos pés do que ela fez nessa faixa que mistura um pouco de ritmos latinos e uma letra quente.
“Nem Luxo, Nem Lixo”, do refrão Não quero luxo nem lixo/ Meu sonho é ser imortal/ Meu amor! Não quero luxo nem lixo/ Quero saúde prá gozar no final, retoma o pop em uma letra muito, muito boa e que também entra no hall dos hits da cantora que são tocados nos shows até hoje. Uma pena que “João Ninguém”, outra que explora os ritmos latinos, não mantém o nível do trabalho. Para encerra por cima, e bem, “Orra Meu” é um rock que todos esperavam de Rita Lee. Um belo final.
Rita Lee merece todos os méritos só de ter feito parte dos Mutantes, mas sua carreira solo não deixa nada a desejar. Com músicas que estão no imaginário das pessoas até hoje, a cantora é um dos pilares da música pop do Brasil há mais de 40 anos. E o disco lançado em 1980 é um dos melhores da história do pop rock nacional.
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