Discos para história: O Passo do Lui, dos Paralamas do Sucesso (1984)


A 47ª edição da seção fala do segundo disco de estúdio dos Paralamas do Sucesso. Depois do primeiro álbum que não aprovado pela banda, mas foi lançado pela gravadora, eles assumiram as rédeas do novo trabalho e mostraram que viviam grande fase.

História do disco

Cinema Mudo foi o primeiro disco dos Paralamas do Sucesso, banda de Brasília radicada no Rio de Janeiro. Tudo começou com o envio de uma fita demo a Rádio Fluminense, que foi o berço do sucesso das novas bandas de rock brasileiras nos anos 1980. Fazendo sucesso entre os amigos, gravar um disco era algo completamente natural para quem havia ultrapassado a barreira do sucesso entre amigos do bairro.

Mas o resultado do trabalho lançado em 1983 não agradou Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone. Por isso, eles decidiram acompanhar cada passo da gravação e da pós-produção para que não houvesse ecos, efeitos e outras coisas que os produtores fizeram a pedido da gravadora.

Com essa mentalidade, eles entraram no estúdio para gravar O Passo do Lui. À época, existia uma efervescência da nova cena musical brasileira. Por um lado, existia a dúvida da continuidade desses jovens tocando suas guitarras e fazendo barulho por aí; por outro, as gravadoras, TV e rádios perceberam que os adolescentes daquela época não estavam mais ligados na antiga geração. Uma renovação urgia – e aconteceu sem qualquer constrangimento.


Inspirados no Police, banda que conseguiu misturar elementos da new wave com reggae, os Paralamas do Sucesso deram mais destaque para o baixo e bateria nesse álbum. E a mudança de som acabou sendo benéfica para eles, porque foi neste ano que eles encontraram o som que caracterizaria os discos seguintes e marcaria a carreira deles todos. Outro ponto é a simplicidade, que não houve no disco anterior, foi o carro-chefe deste.

O lado A de O Passo do Lui vinha com “Óculos”, “Meu Erro”, “Fui Eu”, “Romance Ideal” e “Ska”, cinco dos maiores sucessos da banda. E não fica difícil entender o motivo do sucesso deste álbum – é uma canção matadora atrás da outra, sendo sete delas como single. Muito difícil qualquer grupo conseguir uma sequência tão boa de canções. Foi um acerto essa ordem.

Seis meses depois do lançamento do álbum, eles entrariam para história ao fazer um dos melhores shows do primeiro Rock in Rio, realizado em 1985, e um dos grandes da história do festival.



Resenha de O Passo do Lui

Começar um disco com um hit é sempre algo interessante, porque é um belo carro-chefe para vendas. E com os Paralamas, “Óculos” foi exatamente isso. Um dos primeiros sucessos, a faixa lembra muito a mistura de rock com reggae feita pelo Police. A bateria comandando as ações, e a voz de Herbert funciona muito bem, além da letra bem fácil de decorar.

“Meu Erro” já virou um clássico 30 anos depois de seu lançamento e é cantada a plenos pulmões por gerações e gerações. Baixo e bateria ditam todo ritmo da faixa, enquanto, mais uma vez, a canção de fácil acesso (leia-se grudenta) ajuda a decorá-la rapidamente, assim como “Fui Eu”, que tem ainda mais suingue do que as outras.



Diminuindo o ritmo pela primeira vez, “Romance Ideal” não tem nada das outras e mostra a veia mais pop rock da banda com uma levada bem leve e... romântica. O lado A do vinil encerra mais animado do que nunca: “Ska” é puro ritmo da América Central com uma letra ótima.

O lado B abre com a introspectiva “Mensagem de Amor”, que fala sobre os erros cometidos por alguém durante um romance. E aqui vemos a faceta do Herbert humano e que erra – um belo cartão de visitas. Outro hit da banda é “Me Liga”, que Lobão diz que os Paralamas ouviram “Me Chama” e fizeram uma canção parecida. Brigas a parte, é outra belíssima faixa.



“Assaltaram a Gramática”, com a composição e participação de Lulu Santos, é um reggae puro, diferente de “Menino e Menina”, que se assemelha mais aos ritmos caribenhos – segundo muitos, é a banda que melhor soube usar as influências da América Latina em seus trabalhos. Encerrando o álbum, “O Passo do Lui” é uma homenagem a um amigo dos tempos da Brasília que dançava muito bem, segundo eles.

O segundo disco é sempre algo complicado na carreira de uma banda, então ir bem, ainda mais em uma cena que estava crescendo muito, era fundamental para os Paralamas do Sucesso. E eles conseguiram não só ir bem, como fizeram história em O Passo do Lui. Era o primeiro ano de 30 de sucesso, discos de ouro e glórias para o trio.



Veja também:
Discos para história: Cabeça Dinossauro, dos Titãs (1986)
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