Discos para história: Eliminator, do ZZ Top (1983)


Na 44ª edição do Discos para história, Eliminator, o álbum mais famoso do trio de country-blues-rock ZZ Top, será destrinchado. Da produção ao lançamento, o trabalho recolocou o grupo nas paradas e os apresentou para um novo público, renovando os votos de grande banda que é.

História do disco

O caminho que levou o ZZ Top a gravar Eliminator passa por três momentos completamente diferentes. O primeiro é que o nome do disco é o mesmo de um Ford coupe 1933 que o vocalista Billy Gibbons comprou em 1976, mas só terminou de consertá-lo em 1983, ano de lançamento do álbum – não é de graça que a frente do carro está na capa.

O segundo motivo foi a saída da London Records, onde estavam desde o início da carreira, e a assinatura de contrato com a Warner, uma gravadora gigante para uma banda que tinha um público muito específico. Com Degüello e El Loco, lançados no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, respectivamente, o ZZ Top vendeu milhões de discos e ficou mais conhecido nos Estados Unidos. Por fim, a mudança de estilo de Gibbons e do baixista Dusty Hills ao adotar a barba longa, chapéu e óculos escuro acabou definindo para sempre a lenda em torno deles.


Se em El Loco eles obtiveram sucesso com o uso dos sintetizadores, Eliminator deveria ser a evolução. E assim os trabalhos de composição e produção percorreram todo o ano de 1982 no Ardent Studios em Memphis, Tennessee, mas alguns problemas aconteceram, e Gibbons e Hills não compareceram à maioria das sessões, e isso geraria problemas para ambos em um futuro não muito longe.

Apostando na tecnologia, mas sendo bem arredios quanto a usá-las, a banda praticamente entregou o trabalho na mão dos engenheiros de som Terry Manning e Linden Hudson e do empresário Bill Ham, que ficaram a maior parte do tempo no estúdio trabalhando nos sintetizadores e na bateria eletrônica que seriam colocados na mixagem final.

No lançamento do disco, descobriu-se que o ZZ Top levou crédito por todo trabalho feito. Hudson não gostou e entrou na justiça, alegando que ele havia composto boa parte das melodias e que “perdeu tempo ensinando Gibbons e Hills a utilizar os sintetizadores”. Cinco anos depois, apesar de todo desmentido, o trio pagou US$ 600 mil a Linden pelos direitos da faixa “Thug” e o caso foi encerrado.

O sucesso do álbum foi estrondoso, gerando clipes para MTV, uma turnê milionária e prestigio a Gibbons e Hills, que ficaram ainda mais famosos do que já eram. Não é difícil ver o disco em lista de melhores dos anos 1980 ou em coisas mais amplas, como nos 500 melhores discos de todos os tempos da Rolling Stone.



Resenha de Eliminator

"Gimme All Your Lovin'" abre Eliminator de maneira bem rock, mas é visível que existe uma bateria eletrônica na faixa. E é incrível como eles (ou os produtores, né?) souberam equilibrar bem tecnologia com o blues rock nesse início de trabalho. Se o primeiro single era lento, o mesmo não se pode falar de "Got Me Under Pressure", um hard rock da melhor qualidade e que, segundo Linden Hudson, apenas a pré-faixa foi gravada pela banda, sendo ele o responsável por quase todo trabalho de produção e mixagem. Verdade ou não, parabéns a quem fez o trabalho. Ficou excelente.

Atualmente conhecida por estar na abertura de 'Duck Dynasty', no A&E, "Sharp Dressed Man" foi o terceiro single de Eliminator – e que música. Ela fala sobre mulheres que adoram homens bem vestidos, e esse blues rock caiu muito bem pelo peso do solo de guitarra. Uma das melhores do show, sem dúvida. Se o peso havia dominado do disco até aqui, "I Need You Tonight" quebra isso complemente por ser um blues bem triste e cheio de alma, prato cheio para quem gosta do estilo.



O hard rock volta na ótima "I Got the Six", com um refrão bem fácil (I'm running out of time/ I'm about to lose my mind/ I got the six/ gimme your nine). Billy Gibbons mostra que, sozinho, toca mais alto que muitas bandas com três guitarristas. Canção com mais uso do sintetizador, “Legs” teve a participação efetiva apenas de Gibbons no processo de gravação, por isso o improviso é grande destaque.

Mas a polêmica “Thug” é imbatível no quesito uso da tecnologia. Se nos anos 1980 exagerar era moda, hoje a gravação soa datada e não acrescenta muita coisa na discografia do ZZ Top, assim como "TV Dinners", que tem reverbs para dar e vender a qualquer banda de rock progressivo. Mas naquela época era assim que as coisas funcionavam e o resultado é bom.



Esse power trio do Texas não ficou conhecido por seu som cheio de sintetizadores, mas pela força da banda como um todo, e isso aparece com clareza em "Dirty Dog", faixa muito poderosa e cheia de ritmo. O blues rock volta em "If I Could Only Flag Her Down", outra canção em que o improviso dos instrumentos é mais do que suficiente para satisfazer os fãs, que devem ter dado pulos de alegria na excelente "Bad Girl" – uma ótima maneira de encerrar um disco.

Polêmicas de lado, Eliminator conseguiu explorar o melhor do ZZ Top, tanto que é o disco mais vendido da história da banda. Misturando blues, hard rock e sintetizadores, o trio conseguiu manter o nível dos dois trabalhos anteriores e foi subindo na escada das lendas do rock. Mais de 30 anos depois, ainda estamos falando da obra-prima deles.



Veja também:
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