Resenha: Public Image Ltd. – What the World Needs Now


John Lydon (aka Johnny Rotten) é uma das figuras mais conhecidas na história. Ao liderar o Sex Pistols, ele, ao lado dos outros três membros da banda, fariam história com um dos discos mais inspiradores do rock, além de ser um ponto muito interessante e tumultuado na música. Não bastasse isso, ele ainda deu ao mundo o Public Image Ltd., primeira banda pós-punk antes mesmo de o punk ter passado.

Após alguns anos sem atividade, o grupo retornou em 2009 e, desde então, vem fazendo shows e aparecendo na TV. Semana passada, saiu What the World Needs Now, sucessor de This Is PiL (2012). Começar um disco com a setentista e punk "Double Trouble" é uma mostra que Lydon jamais deixará de lado suas origens. Além de ser um ótimo single, dançante e fácil de decorar, ela é, inegavelmente, uma das boas músicas lançadas neste ano.

Mais acelerada do que a anterior, "Know Now" tem uma parte instrumental mais pesada e o vocal é mais direto e gritado, principalmente na segunda metade. A gama de influências do rock dos anos 1970 aparece na ótima "Betty Page", e aqui finaliza a sequência de três canções de abertura extremamente matadoras. Incrível como o PIL conseguiu fazer isso, e dificilmente o ouvinte não seguirá a audição.

A partir de "C'est la Vie", começa a parte do disco que pende mais para o progressivo e para o experimental, com letras mais longas e pouco convencionais ao público fã de punk, por exemplo. Mas quem conhece o PIL sabe que isso é possível, e "Spice of Choice" ratifica essa posição em uma de refrão grudento, beirando o pop, assim como a acústica "The One".

A influência da música africana é clara na melodia de "Big Blue Sky". Para quem ouve esse tipo de canção, conhecerá de cara o uso do estilo – algo mais falado do que cantado e uso bem leve dos instrumentos – na primeira metade. Isso muda bastante na segunda, quando ganha tons épicos. Bem pós-punk, "Whole Life Time" teria feito muito sucesso no início dos anos 1980, principalmente graça a melodia etérea e com efeitos ao fundo.

O refrão forte de "I'm Not Satisfied" compensa bastante em uma faixa apenas ‘ok’, enquanto "Corporate" é totalmente experimental e fora da curva – o que é ótimo, diga-se. Encerrando o álbum, "Shoom" é a mais eletrônica de todas, sendo até algo a parte de tudo que foi feito até aqui.

Ao finalizar a audição, foi difícil não abrir um sorriso de satisfação. Primeiro, por ouvir um bom disco. Segundo, por saber que o PIL segue firme e forte na ativa e na missão de ficar cada vez mais fora da curva da música que toca na rádio. Isso, sim, é uma ótima notícia.

Tracklist:

1 - "Double Trouble"
2 - "Know Now"
3 - "Betty Page"
4 - "C'est la Vie"
5 - "Spice of Choice"
6 - "The One"
7 - "Big Blue Sky"
8 - "Whole Life Time"
9 - "I'm Not Satisfied"
10 - "Corporate"
11 - "Shoom"

Nota: 3,5/5


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