Resenha: Ghost – Meliora


Tudo que envolve o Ghost é envolto de mistério, a começar por ninguém saber ao certo o nome verdadeiro do vocalista ou de qualquer outro membro do grupo. O que se sabe para esse novo lançamento deles, chamado Meliora, é que Papa Emeritus II saiu e chegou o Papa Emeritus III – os outros membros são conhecidos apenas por Nameless Ghouls.

Mas, falando especificamente do Brasil, o Ghost chamou atenção na apresentação no Rock in Rio de 2013. Apesar de muita gente não ter entendido absolutamente nada, quem gosta de doom e heavy metal e ainda não tinha os visto, dificilmente não ficou impressionado. O novo registro chega no, talvez, momento de maior popularidade do grupo, dentro e fora de seu público e âmbito.

O início fantasmagórico do trabalho em "Spirit" até dá a impressão de estarmos dentro de algum filme de Wes Craven, mas os instrumentos ganham peso a partir dos 30 segundos e caminham assim até a voz aparecer, já com mais de um minuto de canção. De cara, o grande destaque é a suíte instrumental, algo brilhante e convidativo a seguir com a audição, e isso é ratificado na ótima "From the Pinnacle to the Pit", em que qualquer fã de guitarras altas ficará maluco por ouvir o instrumento sendo tão bem usado.

Grande single do álbum, em duração e beleza estética, "Cirice" traz um Ghost mais suave em relação ao último disco. Uma guinada pop? Talvez não chegue a tanto, mas não deixa de ser curioso como há uma leveza interessante no andamento da melodia. A instrmental "Spöksonat" é muito bonita e leve, e abre "He Is", que começa acústica, quase um folk celta, e depois ganha solos e riffs de guitarra ao falar sobre Ele (Deus?).

"Mummy Dust" é pesada, forte e tem uma letra fácil de decorar, principalmente o refrão (In God you trust, my mummy dust/ Dust/ My mummy dust/ In God you trust/ My mummy dust/ Dust/ My mummy dust). Ouvir Papa Emeritus III cantá-la com tanto afinco, não dá nem para sentir falta de seu antecessor – se realmente há um, claro. Para quem tem uma imaginação fértil (olá, amigos), é possível imaginar o Ghost tocando "Majesty" acompanhado por uma orquestra, transformando-a em algo imensamente incrível. A canção é muito boa, uma das melhores do grupo.

A instrumental "Devil Church" abre caminho para as duas últimas do álbum: a sinistra, no bom sentido, "Absolution" (Put your hands up and reach for the Sky/ Cry for absolution/ You'll be down on your knees and you'll cry/ Cry for absolution) e "Deus in Absentia" finaliza tão bem o disco, que você fica cantando o refrão a esmo pela casa logo após o final da audição. Em poucas palavras, é o melhor disco do Ghost e vale muito a pena ouvi-lo do início ao fim. Era a guinada que a banda precisava para ganhar o mundo.

Tracklist:

1 - "Spirit"
2 - "From the Pinnacle to the Pit"
3 - "Cirice"
4 - "Spöksonat"
5 - "He Is"
6 - "Mummy Dust"
7 - "Majesty"
8 - "Devil Church"
9 - "Absolution"
10 - "Deus in Absentia"

Nota: 4,5/5

Clique aqui e ouça o disco na íntegra.

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