Resenha: Robben Ford – Into The Sun



“Este álbum é otimista, tem uma vibe positiva. Há uma porção de ritmos e cores diferentes”. É assim que Robben Ford resume o novo disco, Into The Sun. O guitarrista, 63, tem mais de 35 discos gravados, além de ter colaborado com artistas do calibre de Miles Davis, Joni Mitchell, KISS e George Harrison, entre outros. Neste registro, é Ford quem reúne uma série de convidados para adicionar mais ‘tempero’ em cinco das onze canções do álbum.

Os trabalhos são abertos com “Rose Of Sharon”, um blues suave, que começa com uma frase no violão. Aos poucos, a elegância da guitarra de Ford toma conta do pedaço, com solos na medida exata para o que a música - de tom intimista - pede. “Day Of The Planets” tem muito R&B nos versos, rock no refrão é deliciosa de se ouvir. “Howlin’ At The Moon” é um ‘blues funkeado’ (ou um ‘funk blueseiro’, se o leitor assim preferir) dançante, com guitarras mais ‘sujas’.

Ford continua a exibir técnica e bom gosto na guitarra de “Rainbow Cover”, faixa curta e direta, que mantém o clima lá no alto. Os primeiros convidados aparecem em “Justified”: Keb’ Mo’ faz um dueto com Ford nos vocais, enquanto Robert Randolph empresta toda a habilidade que possui no pedal steel para a faixa, um dos grandes momentos do álbum.

A cantora ZZ Ward, dona de uma belíssima voz, exibe seus dotes no excelente soul de “Breath Of Me”. A melodia é ótima e o trabalho do guitarrista é primoroso – a sensibilidade para inserir licks e solos nos ‘lugares corretos’ deixam qualquer um de queixo caído. E não para por aí: o convidado da vez em “High Heels And Throwing Things” é ninguém menos do que Warren Haynes, do Gov’t Mule. Nesta faixa, repleta de funk, a troca de licks entre Haynes e Ford só deixa a canção ainda mais interessante.  

“Cause Of War”, de riff marcante, é blues rock de primeira, com um Hammond comendo solto no fundo. Em “So Long 4 U”, quem dá o ar da graça é Sonny Landreth, um dos grandes nomes quando se trata de slide guitar. A melodia em si é simples, deixando todo o espaço para Landreth mostrar que ele não é considerado um dos mestres da técnica de slide por acaso. A mistura entre funk e blues volta a aparecer em “Same Train” – a progressão de acordes um pouco antes do refrão é digna de nota, assim como o solo de Ford, mais uma vez na medida certa.

Pra encerrar o disco, a sessentista “Stone Cold Heaven” traz mais uma participação especial: o jovem guitarrista texano Tyler Bryant. Assim como fez Warren Haynes anteriormente no disco, Bryant – considerado um prodígio na cena do Southern rock – manda licks poderosos ao lado de Ford.

Apesar de a bagagem de Robben Ford conter doses cavalares de gêneros nascidos nos anos 50/60/70, o disco não soa datado. O próprio músico disse que a intenção não era voltar às raízes, mas sim utilizar as influências do passado e fazer um álbum que soasse contemporâneo. Ao finalizar a audição, chega-se a duas conclusões: a primeira é que Ford definiu perfeitamente o clima e o conteúdo das canções deste disco; a segunda é que a missão de fazer o registro soar contemporâneo foi cumprida. Into The Sun é candidato a figurar entre os melhores do ano, sem dúvida alguma.

Tracklist:

1 – “Rose Of Sharon”
2 – “Day Of The Planets”
3 – “Howlin’ At The Moon”
4 – “Rainbow Cover”
5 – “Justified” (with Keb’ Mo’ & Robert Randolph)
6 – “Breath Of Me” (with ZZ Ward)
7 – “High Heels And Throwing Things” (with Warren Haynes)
8 – “Cause Of War”
9 – “So Long 4 U” (with Sonny Landreth)
10 – “Same Train”
11 – “Stone Cold Heaven” (with Tyler Bryant)

Nota: 5/5


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