Resenha: Foo Fighters – Sonic Highways


O Foo Fighters vem se notabilizando nos últimos anos por ultrapassar barreiras. Em 2011, com Wasting Light, a banda conseguiu atingir seu auge criativo e técnico – principalmente por parte de Dave Grohl, mentor e comandante. Depois de fazer uma imensa turnê e gravar um documentário, Grohl gostou de ser diretor e levou até a HBO a ideia de uma série-documentário sobre o novo álbum da banda, Sonic Highways.

Gravado em oito cidades diferentes, com oito músicas e oito convidados diferentes, o trabalho é uma homenagem às cidades americanas que representam melhor a cultura musical dos Estados Unidos. Também mostra a pretensão do vocalista ao mostrar cada cidade, com suas qualidades e defeitos.

A abertura homenageia Chicago com a boa "Something from Nothing". Com Rick Nielsen na guitarra, a faixa tem muita força e, diferente dos principais hits da banda, Dave Grohl não explode no vocal tão cedo. E falar da cidade que ele tem envolvimento pessoal acabou sendo um fator determinante para uma letra com ares de desabafo raivoso que só Grohl consegue compor.

Pulando para Washington D.C, "The Feast and the Famine" é sobre os tempos de garoto punk de Grohl na capital americana, por isso a participação especial do Bad Brains na gravação e na série. Mais curta de todas, é a que mais tem cara de Foo Fighters e a que funciona melhor por não ter idas e vindas por quase cinco minutos. Aliás, é a única com menos de quatro minutos.

Como não tem envolvimento pessoal em Nashville e Austin, "Congregation" e "What Did I Do? / God As My Witness" são muito mais sobre os momentos das cidades e das antigas gerações de músicos que estão vendo as coisas mudando do que sentimentalismo ou qualquer coisa do tipo. Se a primeira funciona bem, a segunda para uma colcha de retalhos de sobras de alguma coisa – a participação de Gary Clark Jr. é boa, mas não o suficiente para salvar a faixa.

De Los Angeles vem "Outside" e sua longuíssima parte instrumental, que soa como uma tentativa de emular a psicodelia dos anos 1960 e 1970 – a Califórnia teve algumas das principais bandas do gênero. Mesmo assim, ela é apenas mediana. A orquestra pouco ajuda em "In the Clear" por acabar cobrindo o vocal em certos momentos. Nesse ponto, é possível falar que a produção de Butch Vig não varia, apenas segue o que ele faz nos últimos 20 anos. Às vezes, isso é bem ruim.

"Subterranean" foi gravada em Seattle, cidade onde o Nirvana nasceu e saiu para o mundo. Como o próprio Grohl disse, é uma homenagem a sua ex-banda e a Kurt Cobain e acaba gerando uma reflexão interessante sobre sua vida há 20 anos, de como ele era um cara cheio de mágoa por ser apenas o baterista de um trio que raramente conseguia contribuir com composições e outras coisas. Entre todas, musicalmente falando, é a que apresenta melhor estrutura do início ao fim.  O encerramento, com "I Am a River", parece falar sobre o rio que foi palco da Guerra Civil americana há mais de 200 anos de como ele virou personagem da cidade ao olhar as mudanças. A canção em si não é das melhores e não é dos melhores encerramentos. Havia uma gama de possibilidades, mas optaram pelo óbvio mais uma vez.

O problema desse disco são as letras genéricas em excesso. Parece que não havia nada muito preparado, e Grohl acabou fazendo a letra na hora ou reciclando algum material antigo. Parece muito aquela fase da banda pré-Wasting Light em que eles estavam perdidos. Como trilha sonora do documentário funciona muito bem, mas é muito abaixo se isolado da série. Não é ruim, é bom. O problema que para uma banda desse patamar e desse tamanho, nem sempre ser bom é suficiente.

Tracklist:

1 - "Something from Nothing" (Rick Nielsen)
2 - "The Feast and the Famine" (Bad Brains)
3 - "Congregation" (Zac Brown)
4 - "What Did I Do? / God As My Witness" (Gary Clark Jr.)
5 - "Outside" (Joe Walsh)
6 - "In the Clear" (Preservation Hall Jazz Band)
7 - "Subterranean" (Ben Gibbard)
8 - "I Am a River" (Joan Jett)

Nota: 3/5



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