Resenha: Neil Young – Storytone


Quem leu a biografia de Neil Young sabe que ele pode ir até o limite por qualquer coisa, seja uma coleção de trens de brinquedos antigos, possuir uma bela coleção de carros antigos ou tentar melhorar a qualidade da música que toca nos milhões de aparelhos portáteis e celulares pelo mundo. Aos 68 anos, ele entrou naquela fase de fazer o que der na telha, não importando muito o motivo.

No início deste ano, Young lançou A Letter Home, gravado inteiramente na cabine que fica na Third Man Records, gravadora de Jack White. Relembrando muito o processo de feitura de discos dos anos 1940, ele fez uma homenagem aos seus heróis cantando músicas que poderiam ter sido escritas pelo próprio Young.

Já neste segundo semestre, o cantor foi para o lado oposto em Storytone. Com auxilio de uma orquestra com 92 integrantes, Neil Young apostou em arranjos grandiosos e letras sobre o momento atual do mundo. E não uso mundo para falar dos seres humanos, aqui mundo é a Terra. É nessa onda que o 35º trabalho de estúdio é pautado.

Para início de conversa: os arranjos das canções estão lindos e impecáveis. Um bom exemplo disso é "Plastic Flowers". Aqui, até que a voz de Neil Young consegue acompanhar o ritmo da orquestra porque não há o coro atrás, então é possível entender perfeitamente o que ele canta. A conhecida "Who's Gonna Stand Up" mostra que a voz de Young mostra-se fraca e não consegue acompanhar direito os vocais de apoio. Esse clima de filme de terror também incomoda um pouco.

Então, vem o choque na terceira faixa. A coisa muda completamente de figura. Sai a orquestra e entra um Young bluesman na boa "I Want to Drive My Car", mas estava bom para ser verdade. Tudo retorna em "Glimmer", que mais parece uma trilha sonora de filme da Disney do que qualquer outra coisa. Em "Say Hello to Chicago" temos uma canção que fica entre o jazz e o standard, com os instrumentos de sopro dominando inteiramente a melodia.

A sonolenta "Tumbleweed" traduz o sentimento com relação ao álbum: puro tédio. Outra guinada acontece e a bluseira "Like You Used to Do" é interessante por ser exatamente como um blues precisa ser – simples e sem frescura –, já "I'm Glad I Found You" volta aquela pasmaceira chata. Em "When I Watch You Sleeping" e "All Those Dreams" aparece o Neil Young que conhecemos, aquele que faz um folk sentimental como poucos.

Não é um dos melhores discos de Young, de longe. A irregularidade e a mistura de elementos não deram certo em alguns momentos, principalmente nos longos. Metade do trabalho é bem tediosa, enquanto a outra metade não consegue segurar sozinha o álbum. Imagino que era um sonho dele fazer um disco assim, mas não ficou muito bom.

Tracklist:

1 - "Plastic Flowers"
2 - "Who's Gonna Stand Up"
3 - "I Want to Drive My Car"
4 - "Glimmer"
5 - "Say Hello to Chicago"
6 - "Tumbleweed"
7 - "Like You Used to Do"
8 - "I'm Glad I Found You"
9 - "When I Watch You Sleeping"
10 - "All Those Dreams"

Nota: 2,5/5



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