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O uso da Inteligência Artificial (IA) começa a dar dor de cabeça para os detentores dos direitos de música, com a principal associação dos Estados Unidos entrando com um processo contra duas empresas (mais em Justiça). Se fosse apenas o uso em treinamento, seria uma coisa, mas o problema está na ampliação disso nos serviços de streaming em uma busca desenfreada por lucratividade a qualquer preço.
Em uma longa entrevista dada a Rick Beato no YouTube, o escritor Ted Gioia contou que um usuário ouviu a mesma música no Spotify, com sutis mudanças, creditadas a quase 50 compositores diferentes. Sem fazer juízo de valor e sem acusar ninguém especificamente, ele sugere ser a própria plataforma usando IA criando essa música artificial para gerar mais renda para si própria em detrimento dos artistas. E também, segundo ele na mesma entrevista, a plataforma supostamente cria perfis falsos de artistas com música genéricas, coloca nas principais playlists e fica com todo lucro.
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É triste saber do uso da tecnologia dessa forma por uma empresa que, em tese, nasceu com o sonho de matar a pirataria. Mas pouco adianta os artistas não sendo remunerados adequadamente ou se acabam preteridos por manobras mesquinhas, como essas citadas acima ou o pagamento a partir de determinado número mínimo de execuções ao final do ano fiscal. As empresas de tecnologia, representadas por CEOs cada vez mais pressionados e com lobbies em todas as casas legislativas do mundo, estão cada vez mais predatórias em busca da utopia do eterno crescimento.
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Se a máquina não pode parar, os artistas pequenos e médios sofrem sem dinheiro e perspectiva sobre a própria arte; e o público sofre pela falta de opção, porque a IA foi colocada na cara de todo mundo sem qualquer tratativa sobre funcionamento, direitos individuais e outras coisas. O pior é ver gente supostamente esclarecida enlouquecendo com as possibilidades sem ao menos pensar na quantidade de empregos riscados em planilhas de cortes, visando usar esses programas para economizar.
A evolução da tecnologia é inevitável desde o início da humanidade em bandos migratórios em busca de terras para sobreviver e espalhar a espécie, mas, feita como é hoje, é cada vez mais nociva e menos benéfica ao público no curto e médio prazos. E os artistas pequenos também sofrem, porque dependem cada vez mais da sorte de ‘viralizar’ no TikTok ou em algum outro lugar. Como está e sem mudanças profundas, a IA deixa de ser solução e vira um enorme problema.
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